domingo, setembro 16, 2007

ter coragem para transformar o colonialismo em passado

Parece incontroverso, que contra factos não há argumentos. E, os factos são que a RENAMO possui homens armados em Marínguè. Ninguém o desmente, todos o confirmam. E, confirmam quando justificam ou tentam justificar a razão para a sua existência. Ora, à partida, estamos perante uma razão sem razão. E, uma razão sem razão é uma razão que não existe. É, em princípio, a negação da razão. Ora, vejamos o que se diz e escreve sobre o acontecido, recentemente, em Marínguè. Para o “Zambeze”, a confusão começou quando um grupo de militares da segurança da Renamo decidiu sair à rua armados e devidamente fardados, numa operação de patrulha nalgumas das artérias da vila, começando pela pista do aeródromo local e a zona onde se encontra instalada a sede distrital da Renamo naquele distrito (...). Por sua vez, o “Savana” cita o secretário - geral da Renamo a reconhecer a existência de homens armados da RENAMO na vila de Marínguè, mas justificou a sua presença com a necessidade de proteger infra-estruturas do partido. Mais escreve, que Mamade revelou que a RENAMO possui um efectivo de 20 mil homens na reserva que poderão ser mobilizados caso o partido seja provocado. Ora, até aqui e desde já, pelo menos duas conclusões podem ser tiradas. A primeira, é a de que a RENAMO, efectivamente, tem e está a utilizar homens armados e fardados com determinados objectivos. Seus. Partidários. A segunda, é de possuindo 20 mil reservistas que podem ser mobilizados caso possa ser provocada, significa exactamente isso. Significa que se esses reservistas não foram mobilizados foi pelo simples facto de ninguém ter provocado a RENAMO. Para além da dúvida sobre a capacidade em mobilizar 20 homens armados. Uma leitura do livro do general Xisto Pereira, chefe de um dos muitos serviços secretos portugueses, sobre o apoio de Portugal à RENAMO durante a chamada guerra dos 16 anos, aconselha alguma prudência nos números.


Durante alguns anos, após a assinatura dos Acordos de Roma, predominou a tese de que a RENAMO teria muitas dificuldades em transformar-se em partido político. Em abandonar as armas, em definitivo. A realidade e os acontecimentos mais recente, provam exactamente que assim é. Que estamos, ainda, perante um movimento armado e não perante um partido político. Perante um movimento que continua a procurar defender as suas ideias e os seus ideais através dos fuzis. Ora, levanta-se aqui já uma outra questão. E esta já não se situa no campo na razão. Talvez possa e deva situar-se no campo da Lógica. Mas, também, do Direito. E a questão que se levanta, é a de procurar resposta para saber como um membro do Conselho de Estado tem capacidade para mobilizar 20 homens. Que a serem mobilizados não o serão, em momento nenhum, para defender interesses do Estado. Há, acreditamos que haja, no meio de todos estes percursos sinuosos, em todas estas curvas e transgressões, motivos mais do que suficientes para se repensar sobre o que se pretende com a realização da Cimeira Europa-África. É que seja muito, seja pouco, seja nada, a participação de Moçambique deve ter como condição a retirada de apoios a uma RENAMO armada. E o retornar dos antigos agentes da PIDE para aqui progressivamente, enviados. É necessário, sobretudo, ter coragem para transformar o colonialismo em passado.