domingo, outubro 14, 2007

água é negócio

Desde há muitas décadas, que a água da Namaacha é conhecida. O seu nome é, por si só, uma referência. Talvez por isso, num determinado momento, em princípios dos anos 70, quando faltaram rolhas de cortiça para os garrafões, a censura cortou a local. Não seria conveniente que o “Notícias” desse a conhecer aos citadinos da então cidade de Lourenço Marques o motivo que os impedia de ter acesso à por si tão apreciada água. Isto, numa altura em que a situação militar em Moçambique já estava degrada. Em que já havia grande descontentamento dos civis europeus em relação ao comportamento do exército colonial. Por essa mesma ocasião ou pouco depois, pretendeu o proprietário da nascente da água da Namacha publicitar a sua água. Como colaborador, então, de uma agência de publicidade, foi-me solicitada a elaboração de um texto publicitário. Das ideias e documentos apresentados, destaca-se um. O relatório da análise laboratorial da referida água. Que pouco mais adiantava do que tratar-se de uma água bacteriologicamente pura. Este facto, terá sido pouco encorajados para os donos da nascente. Que terão desistido de investir em publicidade. Já em tempos mais recentes, parece também não ter tido também sucesso a exploração industrial da água da Namaacha. Isto, em tempos da UNOMOZ.


Rodaram os tempos, e o que se terá passado desde esse então até ao presente, não vem para a crónica. O certo é que o nome de Água da Namaacha voltou a tornar-se familiar. E a ser consumida sem reservas. Eis quando não, voltou a desaparecer do mercado. Foi impedida de ser vendida. Por via de um processo, de um método, ainda e aparentemente pouco claro. Que necessita de ser clarificado. É que até ao momento, ainda nenhuma entidade disse, claramente, por escrito, os motivos e as causas pelas quais a referida água foi apreendida. Ninguém disse se estamos ou não perante um caso de crime de saúde pública. E é necessário clarificar a situação. O silêncio é inimigo da verdade. Sendo, como todos o sabemos, que água é negócio.

N.A.
Publicou esta Semanário, na sua última edição (pag. 9), um texto que menciona por diversas vezes o meu nome. Pretende-se, no referido escrito, fazer a defesa de anúncio publicitário por mim criticado, anteriormente, no mesmo periódico. Pode ler-se, no referido texto, que a publicidade objecto de crítica é genuinamente moçambicana, porque concebida moçambicanos. Mais ainda, que a dita publicidade foi alvo de elogios por diversas entidades governamentais e outras individualidades que a viram exposta no pavilhão “a casa das águas”, durante a última edição da FACIM. Acreditamos, queremos acreditar que assim possa ter sido. Mas, os elogios dessas anónimas entidades representam o quê? Servem de referência a quê? Isto, em termos gráficos, de linguagem, de comunicação, de estética, de ética, de cultura, e por aí em diante. Servem de nada por conterem nada de referencial. Positivamente, não chegam a ser argumentos. Nem a favor, nem contra coisa nenhuma. Em circunstâncias semelhantes, o sábio aconselhou ao sapateiro para não ir além da chinela.