domingo, junho 08, 2008

o que mais há é dinheiro

Desvios de fundos, não são fenómenos novos. Querem aconteçam em instituições privadas, públicas ou do Estado. E, isto em Moçambique como em diferentes e muitos outros países. Pode é ser diferente a sua abordagem e a forma do seu tratamento. Até a sua definição. Por exemplo, hoje, no nosso país, parece ter passado a chamar-se rombo ao roubo. Não passa, naturalmente, de um eufemismo. Mas, e é muito provável que assim possa ser. Procura-se, então, distinguir duas categorias de crime. E de ladrões. Uma, o assaltante, o ladrão à mão armada. Seja a arma branca ou, como vulgarmente se diz, tipo pistola. A outra, o chamado ladrão de colarinho branco. No primeiro tipo de crime, impera a violência. Que pode ir até à morte do assaltado. Há tiros, há barulho, há sangue, há confusão. No segundo caso, trata-se de crime silencioso. Em muitos casos silenciado. Como se compreende, não ficaria bem equiparar um a outro tipos de crimes. E de criminosos. Sabemos, está escrito, em diferentes países da América Latina muitos dos chamados rombos foram, pura e simplesmente silenciados. Abafados. O FMI terá sugerido aos Governos locais para cobrirem os montantes roubados. De acordos com as suas políticas e os seus modelos de desenvolvimento. Ou seja, que o Estado deveria repor os montantes roubados. Com o dinheiro dos impostos. Em defesa do bom nome, da estabilidade e do prestígio dos defraudados. Ao que rezam as crónicas e os estudos e as investigações, a sugestão terá sido acolhida. Logo, tudo terminou em bem.


Em matéria de dinheiro desviado, aí temos mais um escândalo. Trata-se do rombo sofrido pelo Instituto Nacional de Segurança Social. Estimado em oito milhões de dólares norte-americanos. Dinheiro este descontado pelos trabalhadores moçambicanos. Ao longo de muitos anos. E que era suposto ter tido aplicações rentáveis. Por forma a terem assegurada um pensão condigna. Mas não. Não será bem assim. Grande parte do dinheiro descontado pelos trabalhadores e pelas respectivas empresas, terá ido parar às contas de uns tantos funcionários. Desonestos. Agora descobertos. Para que tal acontecesse, valeu a intervenção da Ministra do Trabalho. Ao mandar abrir e instaurar inquérito. Numa linha de actuação que tem vindo a seguir e que só pode merecer referência positiva. Tanto no plano ético, como no plano moral, como no da justiça e da justiça social. É este posicionamento correcto e consistente, coerente, que a obrigam a ter de ir mais além. Para assumir e dizer como e quem terá de repor os valores desviados. Roubados. De resto, sem um posicionamento claro, fica a dúvida se valerá a pena descontar para a Segurança Social. Tanto mais que a actualização das pensões é feita com base na pensão mínima. Não com base na pensão de cada um. Que corresponde e foi calculada em função do que cada um descontou. Neste campo, Moçambique será caso único. E exemplo de negação do que se entende por segurança e por justiça social. Cabe à Ministra repor essa justiça social. Para tanto, não falta dinheiro. A verdade dos factos diz que o que mais há é dinheiro.