domingo, julho 06, 2008

haveremos de continuar a saber quem roubou vaca, cabrito, galinha ou pato

Dois processos de julgamento, que vinham decorrendo em tribunais da cidade de Maputo, chegaram ao fim. Com desfechos diferentes. No chamado “caso dos turcos”, os dois réus foram condenados. A um ano de prisão, cada. Por ter sido provado que haviam maltratado 17 jovens moçambicanos. Durante vários meses. À condenação, foi ajuntada uma indemnização. Monetária. O pagamento de uma indemnização a cada um dos molestados. Das vítimas. O pagamento de um valor pouco mais do que simbólico. Digamos, um valor irrisório. Quando, recordamos que tem diz ter vindo para ajudar afinal se entregou a hábitos e práticas que em nada têm a ver com ajuda. Muito menos ajuda humanitária. Ao tempo em que se escreve este texto, está por saber, ficam em aberto outras questões. Por exemplo, se os turcos irão ou não ser sujeitos a segundo julgamento. Por permanência ilegal em Moçambique. Assim como os motivos que levaram duas entidades, aparentemente, legais a terem solicitado os vistos de entrada dos turcos em Moçambique. É óbvio, neste campo não estamos perante matéria de Justiça. Ainda e neste momento. Mas perante a hipótese, a não excluir, de um caso de segurança do Estado. E segurança do Estado no sentido mais lato. Os já vários casos, públicos, de jovens moçambicanos recrutados para aprenderem o islão, aconselha a uma investigação profunda. Mais ampla. Profissional. Para se evitarem surpresas. E, para que ninguém, nunca mais, possa vir dizer que não sabia, Que não foi alertado.


O outro processo chegado ao fim, foi o do chamado “caso Albano Silva”. Aqui, a absolvição de todos os acusados foi o corolário lógico do que foi vindo a público. Como relato do que se estava a passar em sede de julgamento. Pese o facto de, a partir de determinada altura, ter sido posta a circular a versão sobre a possibilidade de os acusados poderem vir a ser condenados a pesadas penas. Uma versão sem sentido, sem lógica, não sustentável. Hoje, perante e depois do veredicto do juiz da causa, algo parece estar a ruir. Ou deveria estar a ruir. Muito embora, sendo que para ruir seja necessário existir. Primeiro. O que não existe não pode ruir. Logo, por fim, nada irá ruir. Porque não existe. É assim, parece ser assim, que, em termos de lógica, os ladrões de galinhas e de patos devem continuar a acautelar-se. A menos que não. Pode não. Caso estejamos a lavrar em erro. O que até seria bom. Seria que nos haveriam de vir dizer coisas outras e bem contrárias. Mais sérias. Que nos viriam dizer sobre a revisão ou a reabertura de processos anteriores. Mas conexos. A questão, está em saber se a alguém levanta, ou não, dúvidas o desfecho dos há muito julgados, e tentativamente empurrados para o esquecimento, “caso BCM” e “caso Carlos Cardoso”. E, como alternativa ou por oposição, a quem incomoda uma investigação séria e independente sobre a morte de Siba-Siba Macuácua. No nosso país, continua complexo separar os autores dos roubos, dos desfalque, do crime de colarinho branco, do comércio ilegal de drogas, do negócio de armas, do tráfico de influências. Dizer, afinal, quem é quem. Enquanto assim, e com o devido e merecido destaque informativo, haveremos de continuar a saber quem roubou vaca, cabrito, galinha ou pato.