domingo, fevereiro 17, 2013

O nosso destino é ser gerido por incompetentes

Afinal, ao que se verifica, “nem tudo são rosas”.Como costuma dizer-se. Isto, em relação ao novo e tão badalado cemitério da cidade de Maputo. Localizado em Michafutene. O jornal “Notícias” (edição de 18 do corrente mês, página 3), titulava que “Novo cemitério com problemas básicos”. E, logo a seguir escrevia que O cemitério de Michafutene, aberto para acolher funerais em Novembro último, encontra-se mergulhado num mar de problemas, que vão desde a falta de transporte, água para a realização das cerimónias fúnebres e outras infra-estruturas. Digamos, desde já, que estamos perante mais um caso de gritante incompetência municipal. Acrescenta a local, que Localizado a pouco mais de 20 quilómetros da cidade de Maputo, o cemitério conta com 17 talhões para a área cristã e seis para a área muçulmana. Cada um destes talhões tem capacidade para a realização de 180 enterros, numa área de 50 hectares. Seria importante que alguém nos informasse sobre para quantos anos foi perspectivado este cemitério. Em relação ao de Lhanguene, todos sabemos que, segundo o projecto inicial, tem capacidade para receber corpos por um período de, menos, mais 20 anos. Mas, os vivos assim não querem. Os vivos terão dito e repetido que se lixem os mortos. Primeiro nós, os vivos. Depois vós. Morram onde morrerem, que sejam enterrados longe. Lá longe. Onde os terrenos ainda valem pouco. Ou nada. Pois não é que estes terrenos, que nós estamos a ocupar ilegalmente, valem muito. Depois, os mortos sequer votam. Simplesmente, não votam. Então que passem a ser enterrados bem longe. Lá para as bandas de Michafutene. Mesmo quando zona sem transportes, sem água, sem sombras. Sem nada. Nós, os vivos, sim. Merecemos bem mais. E bem podemos trocar, vender o nosso voto pelos terrenos que ocupámos. Ilegalmente. Mesmo quando e se nos vierem dizer que tudo isto é ilegal. Que é uma ilegalidade. Para nós, pouco importa tudo isso. Apenas queremos que nos facultem um terreno em outro local. Como reassentados. É assim que é bonito dizer. Mesmo quando nada se está a dizer. Depois, como todos os compatriotas sabem, vendemos esse novo terreno e voltamos ao antigo espaço. Nesse então, já esse espaço destinado aos mortos, terá sido “oferecido” a uma imobiliária. Para construi um condomínio. Fechado. Aonde só os ricos terão acesso. Para nós, condenados à pobreza, “Condenados da Terra”, tudo isto é um bem. Mesmo quando não seja processo digno. E não é. Está a circular na internet um vídeo produzido por chineses. Ou na China. Excelente e de excelente qualidade. Durante cerca de dez minutos, podemos ficar a conhecer o que será e como será a ponte entre Maputo e a Catembe. E a estrada entre s capital do país e Marracuene. Obras que tal como nos são apresentadas só podem ser classificadas como excelentes. Façamos, desde já, votos para que a realidade venha a corresponder à publicidade e à propaganda. Vamos esperar para ver. Estranho, em si, não é o facto de serem os chineses a divulgar aquilo que se propõem realizar em Moçambique. Estranho é não serem os moçambicanos a fazê-lo. Estranho é não ser o Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM) a divulgar a construção das majestosas e majestáticas construções. Construídas, edificadas por chineses mas pagas, sem dúvida, por nós. Com nosso dinheiro. Mas, tanto quanto sabemos, nós também temos por aqui descendentes de chineses com capacidade de governação. Até temos um que disse, com rara coragem, que o lixo não se tira com a boca. Talvez seja tempo, já mais do que tempo, para substituir a imbecilidade e a incompetência pela competência. Os munícipes agradecem. Já sabemos que até às próximas eleições, este é o nosso destino. E o nosso destino é ser gerido por incompetentes.

domingo, fevereiro 10, 2013

Silêncio a mais

Parece ter voltado à normalidade o abastecimento de energia à cidade de Maputo. Interrompido devido a explosão na Central Térmica e que causou a morte de um técnico da EDM. Sobre as causas da referida explosão, até ao momento sabemos pouco mais do que nada. Recorde-se que não passa muito tempo, caso semelhante registou-se no posto de transformação da UEM. Também aqui pouco ou nada se soube sobre as verdadeiras causas do acidente. Aliás, os gestores da EDM parecem que pautam a sua actuação pelo secretismo, pelo mutismo. Durante todo o tempo que durou o “apagão” não lemos nem ouvimos explicação sobre o que se estava a passar. Muito menos por quanto tempo iríamos estar privados de energia. Só sabíamos que tínhamos energia quando tínhamos. E que não tínhamos quando não tínhamos. Quando era cortada. Sem qualquer informação ou aviso. Entende, pelos vistos, a EDM que não merecemos tanto os seus clientes. Que não é direito dos seus clientes saber o que se estava a passar. Mas, definitivamente, é. Uma “ponta do véu” que cobria o mistério, o segredo, já começou a ser levantada. Na sua edição quarta-feira (página 3), o “Notícias” titulava: “Reposto fornecimento de energia à capital”. E escrevia que A Electricidade de Moçambique garantiu ontem ter conseguido repor o fornecimento de energia eléctrica à capital do país depois de sucessivos cortes que deixaram a cidade às escuras durante todo o fim-de-semana. Ainda segundo a local, O administrador executivo da empresa, Adriano Jonas, explicou que o restabelecimento só foi possível na manhã de ontem quando se concluiu a correcção de um erro detectado no ensaio efectuado na linha que estava para voltar a electrificar Maputo. Mais disse o gestor da EDM, reconhecendo o erro de palmatória cometido que Montámos duas linhas e durante os ensaios descobrimos que uma delas tinha os motores a funcionar numa rotação contrária à prevista. Tivemos que corrigir o erro para evitar eventuais irregularidades e conseguimos estabelecer a corrente na cidade. É caso para comentar bem dita incompetência. Bem dita a incompetência dos técnicos da EDM. E que podem fazer tudo o que querem e como querem. Pela simples razão de que a incompetência não paga imposto. Menos ainda é punida como crime público. Até ver. Já na sua edição do dia seguinte, quinta-feira, o matutino de Maputo titulava em primeira página que ‘Reparação da subestação deverá durar 12 meses”. E escrevia que A Electricidade de Moçambique (EDM) vai precisar de 12 meses para reparar os danos provocados pela explosão na Subestação da Central Térmica de Maputo, ocorrida na madrugada do último sábado, vitimando igualmente um técnico da empresa. Seguem-se um conjunto de explicações técnicas fornecidas pelo PCA de EDM em conferência d Imprensa. Quanto aos motivos da explosão, o silêncio continua a valer ouro. O mesmo é dizer nada. Ou apenas que não é normal com este tipo de equipamentos que são normalmente fiáveis. Infelizmente, para nós, tal não se apresenta assim. Se o problema é dos equipamentos ou é nosso, é questão que merece o sacrifício de investigar. E, convenhamos, pensar nem custa muito. É, em primeiro lugar, um acto de soberania. E uma atitude que deveria ser constante e permanente da chamada “geração da mudança”. Deixemos os dramas. Ou deixemo-nos de dramas. Falemos da realidade. O “apagão” terá provocado prejuízos em diferentes sectores, em diferentes ramos de actividade. Mais ou menos elevados. Esta a EDM consciente desta realidade? Dos prejuízos que causou aos seus clientes? Embora involuntariamente. E está disposta a fazer a reposição dos danos que provocou. Ou, como parece ser sua marca de funcionamento vai refugiar-se no silêncio? Recordar que nem o segredo nem o silêncio são sempre a chamada “alma do negócio”. E, aqui, parece que também não. A verdade, é que parece haver silêncio a mais.

domingo, fevereiro 03, 2013

Querer não é poder

Há notícias, há posicionamentos públicos que nos animam, que nos encorajam. A querer e desejar continuar estar vivos. Nós, cidadãos comuns. Homens sem mando. Porque em muitos e vários casos, somos levados a pensar que possa estar a haver falta de atenção, falta de conhecimento dos governantes. Sobre o que se possa estar a passar na sua área. Mas, parece que não. Com o correr do tempo, dos tempos, temos vindo a verificar que não é assim. O último exemplo que nos chega vem da parte do Procurador-Geral da República. Vejamos: Na edição do passado dia 4 (página 6), o jornal “Notícias” titulava que PGR denuncia magistrados “serviçais do crime organizado”. Escrevia, a seguir, que O Procurador-Geral da República, Augusto Paulino, denunciou a existência de magistrados ao serviço do crime organizado que fazem “despistes dos elementos de provas”, mas avisou que será implacável contra os Agentes infiltrados no sistema judicial. De acordo com a notícia, Augusto Paulino falava na posse de novos magistrados do Ministério Público para as procuradorias distritais, ocasião que terá reconhecido que “há sumiço de processos com conivência de juízes, procuradores, advogados e funcionários dos cartórios. Depois de divulgar outras irregularidades, o PGR disse que “ contra o crime organizado não pode haver meio-termo: ou ele acaba com o modelo social de organização do Estado que estamos a edificar ou o Estado acaba com ele” Por ser assim, a PGR continuará a “ser implacável, intolerante e absolutamente resoluto para combater este tipo de manobras de agentes infiltrados no nosso seio ao serviço do inimigo, custe o que custar. Concluamos, que fala assim, quem fala desta forma não é gago. Que sabe donde vem a para onde quer ir. Perante um tão apurado conhecimento da realidade, é de desejar que o PGR vá mais além, mais longe. Digamos que ficamos à espera que apresente publicamente casos concretos do que apresentou como generalidades. Que fundamente, devidamente, as suas afirmações. Que nos diga quem é quem. Ou, como diz o povo, que “ponha o gizo ao gato”. Se assim não acontecer, poderá ter o mesmo efeito que “chuva em cima de pato”. Não molha nem molesta. Ou que tudo isto não passar de uma manobra de diversão e de ter, apenas, “força d soda”. Mudar, em si, é um processo violento. Duro e, talvez, dramático. Mudar, exige sacrifícios. Mártires. Sem heróis. Mudar é, sobretudo, um acto de coragem. Mudar está, apenas, ao alcance de quem pode e quer. Apenas uma advertência para dizer que querer não é poder.