domingo, junho 13, 2004

Publicado em Maputo, Moçambique no Jornal Domingo de 13 de Junho, 2004

antes e depois

Luís David


assumam “apagão”

Há determinadas questões, determinadas afirmações, que considero deselegante divulgar publicamente. Porque discutidas ou feitas em reunião ou em ambiente privado. Em ambiente restrito ou que se possa considerar como restringido no sentido de limitado a quem nelas participou e a quem nelas teve, de alguma forma, influência. Porém, se perante um acordo tácito, um acordo de cavalheiros e, logo, não escrito, uma das partes viola as regras do jogo, à outra parte assiste todo o direito de quebrar as regras desse jogo. Podendo divulgar, então, se assim o entender, o que lhe possa parecer mais útil e mais utilitário, podendo divulgar tudo o que, parecendo não dever ser público, o deve ser para defesa dos interesse de uma maioria. Da maioria. Democraticamente escrevendo. Ou seja, do interesse público. Creio não ser este, nem ainda, o momento nem o espaço, para fazer qualquer consideração sobre o posicionamento do Ministério das Obras Públicas e Habitação sobre os problemas que lhe foram colocados, há muitos anos, pelas Comissões de Moradores da cidade de Maputo. Porque aceite como correcto na altura é, hoje, absolutamente insustentável. De forma clara e objectiva, vamos ter de recolocar o problema de forma simples. Então, é assim: Ou o Ministério das Obras Públicas e Habitação considera que tomou uma posição correcta e mantém a posição que tomou. Nesse caso demite a direcção do APIE da cidade de Maputo, por contrariar a sua decisão. Ou, em alternativa, o Ministério das Obras Públicas e Habitação considera que tomou uma decisão errada e lesiva aos interesses do Estado e dos cidadão e, então, demite-se, em bloco. O que não queremos, mais, é de ter viver, de pautar a nossa vivência diária, entre um sorriso do ministro, que a tudo diz que sim, e uma decisão unilateral, de sentido contrário. De uma simples directora provincial. Ou de Cidade. E, convenhamos, cidade com letra maior tem um certo peso.



A Águas de Maputo, empresa que se diz fornecer-nos o precioso líquido, bastou receber um “bip” arlanzado e logo começou a cortar a água em áreas comuns dos prédios. Cortou. Muitos prédios da capital do país estão sem água nas áreas comuns. Assim o decidiu uma empresa geridas por estrangeiros. Assim o decidiu uma empresa dirigida por interesse colonialistas. Por uma empresa que presta demasiados maus serviços a Moçambique para que ainda possa continuar a operar em Moçambique. Mas, a verdade, é que continua. Porquê, ninguém sabe. Será, hipoteticamente, porque os interesses coloniais são mais poderosos do que os interesses nacionais. Aparentemente sim. Assim sendo, é fácil prever um cenário futuro. Aquilo que a RENAMO não conseguiu durante a guerra, poderão conseguir a APIE e a EDM no próximo 25 de Junho. Vão conseguir funcionários menores da APIE e da EDM: Decidiram-se pelo “apagão”. Então, assumam “apagão”.