domingo, novembro 04, 2007

as estradas estão cheias de corpos de mortos

Não fosse o assunto demasiado sério, haveríamos de escrever, haveríamos de afirmar que o fim da guerra, que esta situação pós Acordos de Roma é a principal causa do elevado índice de mortandade nas estradas nacionais. E é. Devido às novas facilidades e necessidades de deslocação, aumentou o número de veículos em circulação. A melhoria do piso de muitas vias veio permitir um aumento de velocidade. Na nossa realidade de hoje, muitas viaturas circulam em péssimo estado técnico. Outras, são conduzidas por indivíduos cansados. Muitas vezes, embriagados. A necessidade de realizar o dinheiro exigido, diariamente, pelo patrão, pelo dono da viatura, é outra realidade. É uma outra triste realidade que não pode ser descartada numa análise séria sobre as causas do elevado e crescente número de acidentes nas estradas nacionais. Com um não menos importante número de mortos.


Morrer num acidente de viação não é, em parte alguma do mundo, um acto heróico. Mas, também não será uma fatalidade. Em Moçambique, não sendo uma coisa nem outra, é uma realidade quotidiana. E, por certo, das muitas causas que podem servir de justificação para os acidentes, aí temos a falta de respeito pelas regras de trânsito. E, isto, tanto fora como dentro da capital do país. Aqui, a ultrapassagem irregular, o cortar a prioridade, o avançar com o sinal luminoso vermelho, passaram a ser a regra. E, não poucas vezes, o parar no sinal vermelho é recompensado com forte buzinada. Donde logo se conclui que o problema ca circulação na capital do país não é um problema de semáforos. É, isso sim, um problema de educação. Ou, mais claramente, de falta de educação. Sobretudo de falta de respeito pelos direitos dos outros. Mas se os “chapeiros” são o que são e o que todos sabemos que são, parece começar a haver bem pior. Trata-se uma nova geração de taxistas que não olha a meios para conseguir os seus fins. E que bem poderíamos classificar de assassinos encartados. Sendo que, no mínimo, possuem carta de condução. Talvez muitos não a possuam. Mas, essa realidade a ninguém importuna. Da acção das polícias, nada é preciso acrescentar. Tanto a de Trânsito como a Municipal, parecem ambas de boa saúde. E seguir a recomendação dos três macaquinhos. Não sei, não vi, não ouvi. Se servem, uma ou outra, para alguma coisa, ninguém lhes conhece a serventia. Isto, tendo em vista evitar e prevenir acidentes. E evitar mais mortes. Talvez seja tempo para que, quem tem poder e mando, definir uma estratégia de combate às causas dos acidentes de viação. Para isso, acordem.. O primeiro passo a dar é acordarem. Para poderem ver que as estradas estão cheias de corpos de mortos.