domingo, fevereiro 15, 2009

apanhar boleia no último combóio em andamento

Passou mais um aniversário da morte de Eduardo Mondlane. Herói Nacional. Assassinado fez 40 anos. Este 3 de Fevereiro terá sido diferente da maioria, se não de todos os anteriores. Por vários motivos. O primeiro do quais, a festa, as comemorações terem tido lugar na terra natal do Arquitecto da Unidade Nacional. Aonde se fizeram deslocar algumas dezenas de milhar de pessoas. Do que foi a festa e a homenagem, já se ocuparam os cronistas da terra. Em diferentes e variados espaços informativos. A televisão pública nacional permitiu-nos assistir a cada compasso das comemorações. Em tempo real e sem termos de sair de casa. Através da sua transmissão em directo. No cômputo geral, podemos dizer que as cerimónias não surpreenderem só pela positiva. Podemos dizer que também surpreenderam pela negativa.

Faz parte do jogo democrático, faz parte da política. Todos o sabemos. Os partidos podem coligar-se. Podem formar alianças. Temporárias, ou não. Em função ou para tentarem atingir determinados objectivos. Até podem, se assim ou quando o entenderem, fundir-se. Entre nós, ainda não é o caso. Ainda estamos numa fase chamada “oposição construtiva”. Pode até acontecer que não passe de tal. No entretanto, seria bom explicar, clarificar, o significado de “oposição construtiva”. Porque os seus contornos, os seus objectivos, a sua estratégia, são pouco claros. E, estes aspectos parece terem sido evidentes na homenagem a Eduardo Mondlane, neste último 3 de Fevereiro. O país, de facto, precisa de novas ideias e de propostas alternativas para melhorar a governação. Em benefício dos mais desfavorecidos. Precisa de uma oposição. Precisa de oposição. Como condição básica e fundamental para rever conceitos e ideias. Quando assim seja necessário. Para permitir avançar no sentido do progresso e do desenvolvimento. Ora, neste dia de homenagem a Mondlane, a oposição mostrou não ter ideias. Muito menos ideias novas. Foi, se assim se pode dizer, pela sua parte, uma homenagem pela negativa. Uma contra homenagem. Sem dúvida, esperava-se mais da auto intitulada “oposição construtiva”. Esperava-se, no mínimo, não ter de a ouvir tratar os presentes por camaradas. E dar vivas à FRELIMO. O homenageado, na data e na ocasião, era apenas Eduardo Mondlane. Que merece bem mais. Bem mais do que uma tantas vénias de servis serviçais ditos oposicionistas. Nos tempos actuais. A oposição, não resulta de decreto. Nem de nenhuma lei. A oposição não pode, em momento algum, definir-se, a si própria, como construtiva ou como destrutiva. A oposição é uma prática. E faz parte de um processo inacabado e inacabável. Nada é definitivo, nada é perfeito, nada é eterno. Tudo muda, tudo está em constante mudança. Num tempo e num espaço que se rege por leis que não sabemos, ainda, controlar. Que não dominamos. Ora, se assim, esta oposição que se define a si própria de construtiva, parece pretender ser oposição a uma outra. A uma outra oposição. Mas, a uma outra oposição cujos contornos não define. Logo, a uma oposição que não existe. Por exclusão de partes, se não existe oposição à oposição dita construtiva, não pode existir oposição. Não há oposição. O que há, isso sim, o que parece haver, é coisa diferente. È uma tentativa de apanhar boleia. De apanhar boleia no último combóio em andamento.