domingo, maio 16, 2010

Talvez uma tempestade num copo de água

Há notícias que não podem deixar de motivar alguma reflexão. Em relação às quais devem ser colocadas dúvidas. Sobre a sua veracidade, sobre a sua autenticidade. Bastas vezes acontece, uma declaração de um qualquer responsável ser divulgada como verdade absoluta. Única e definitiva. Por isso, por esse motivo, sem necessidade de investigação. Ao que parece, uma prática que tende a tornar-se comum. Da mesma forma que tende a generalizar-se o fazedor da notícia esconder a sua opinião. Camuflar a sua opinião por detrás de frases como segundo fonte anónima, fonte autorizada, fonte bem colocada. E outras do género mais ou menos de belo efeito. Como, por exemplo, cognominar assassinos, ladrões, traficantes, causadores de acidentes de viação, como supostos. Expressões, ao que parece, a todos conforta, todos aceitam. Mesmo quando haja testemunhas oculares dos factos, do crime, da violação da lei. Mas, nesta questão dos supostos, haverá excepções caso se trate de linchamentos ou de agente da autoridade. Agindo em defesa própria ou para impedir a violação da lei.

Foram, de algum modo, espalhafatosas e controversas as notícias sobre a doca flutuante encontrada à deriva na zona costeira de Inhambane. Digamos, mesmo especulativas. Sobre o conteúdo dos treze contentores que se encontravam a bordo. Como se, contivessem eles matéria radioactiva, fosse difícil afundá-los no Canal de Moçambique. Sem deixar pistas, sem testemunhas oculares, sem qualquer espécie de pista. Mais célere do que as autoridades competentes terá andado a população local. Que, por sua conta e risco, terá violado dois dos contentores. Onde terá encontrado, ao que foi noticiado, material de construção. Entretanto, foi noticiada a prisão de dois sul-africanos, que tentavam aproximar-se da plataforma e do seu sobrevoo por hélios. Agora (“Notícias” de 13 do corrente), ficámos a saber que Um grupo de empresários estrangeiros, cuja proveniência não nos foi revelada, está desde a última segunda-feira a negociar com o Instituto Nacional da Marinha a libertação da doca flutuante que se encontra à guarda das autoridades moçambicanas à cerca de uma semana (...). Sem identificar a nacionalidade dos empresários, que se dizem proprietários da plataforma, a local informa que o navio que a rebocava teria largado da China com destino à Guiné-Conacry, tendo feito a última escala em Singapura antes de se desligar da doca. Esperemos pelo fim da história e pelo resultado das investigações em curso. Até ao momento tudo não terá passado de um falso alarme. Talvez uma tempestade num copo de água.