domingo, julho 11, 2010

Guerras intestinas

Hoje, falemos de Maputo. De alguns aspectos, de algumas situações que se registam na capital do país. A cidade merece-o. Por outras palavras, merece melhor. Merece que não aconteça muito do que está a acontecer. Assim, e para quem possa ter memória fraca, recordemos, comecemos por recordar o que se passou há alguns anos atrás. No que diz respeito ao chamado combate a tudo quanto era “vendedor de esquina”. Ocupante de passeio. Digamos, desde já, que a intenção e os objectivos a atingir eram bons. Acrescentemos acreditar ter havido seriedade e honestidade no trabalho que era proposto ser realizado. Mas, um trabalho, como tivemos oportunidade de escrever, na época, à partida condenado ao fracasso. Ao falhanço total. Por outras palavras, uma pura perda de tempo e um desgaste desnecessário de energias. Para além do recurso a métodos de actuação que, a todos os títulos, são sempre de evitar Tanto mais que em vez de significarem autoridade representam o contrário. Seja, a sua falta. A falta de capacidade para a exercer. Como o tempo tem vindo a demonstrar. De resto, terá resultado, certamente, da falta de realismo a capacidade para dialogar e para negociar. Para integrar o que é integrável, em vez de combater o que não é possível combater. Nestas circunstâncias, o resultado é, sempre, uma derrota anunciada. Com custos por vezes demasiado elevados. De que é exemplo o que se passa nas proximidades do Mercado Grossista do Zimpeto.



O actual elenco directivo da capital do país, também manifestou a sua intenção de retirar os vendedores dos passeios. Nos seus primeiros tempos de governação. Mas, fê-lo de forma diferente e demonstrado maior abertura ao diálogo. Sem necessidade de recurso à força e, sobretudo, a uma fora canina. Contudo, a verdade é que entre o discurso e a prática medeia o espaço de um oceano. Ou, passe a imagem retórica, fez sinal para virar à esquerda mas optou por virar para a direita. É que, não só nada fez para alterar a situação da ocupação de passeios por vendedores como a agravou. Ao permitir a instalação, nos passeios, de inestéticos quiosques amarelos para a venda de pão. Em várias artérias de Maputo. Agora, mais recentemente, em zonas residenciais, estão a aparecer enormes contentores. Em cima dos mesmos passeios. Importa colocar a dúvida se quem diz combater o vendedor de esquina é a mesma autoridade que autoriza a instalação de quiosques e de contentores. Nos mesmos ou em idênticos locais. Aparentemente, estamos perante uma contradição. Talvez perante um conflito de interesses. Ou, em última análise, perante um conflito entre duas linhas e duas concepções sobre a forma de ocupação dos espaços públicos na capital do país. Entre o pedido para a tomada de medidas correctivas e remoção desses empecilhos à circulação dos pedestres, surge como boa uma outra solução. Consiste na realização de um seminário, de preferência em estância turística com vista para o mar, em que participe quem quer pretende retirar os vendedores dos passeios e quem autoriza a sua ocupação desordenada. Com esses monstros de ferro. Bom seria chegarem a um entendimento. E resolverem essas vossas guerras intestinas