sexta-feira, agosto 26, 2005

Publicado em Maputo, Moçambique no Jornal Domingo de Agosto 21, 2005

antes e depois

Luís David


um crescimento que deve ser destacado


A cidade de Brazavile, capital da então República Democrática do Congo, albergava, na época, uma das sedes regionais africanas da Organização Mundial de Saúde. Moçambique, como os restantes países que haviam sido colónias portuguesas, estavam ali representados. Por tal motivo, a língua portuguesa viria a ser adoptada como língua de trabalho. A par das línguas inglesa e francesa. A necessidade de produzir documentos em português e, também, de defender os interesses de cada um dos países falantes de português, ditou a decisão, por parte da OMS, de criar um núcleo português. Constituído, naturalmente, por jovens enviados pelos Governos de cada um dos referidos países. Mas, chefiados por um cidadão português, quadro efectivo da OMS. Profissional incontestável. Excelente, como companheiro e como amigo. E que, em tempo de reuniões ministeriais, era apoiado por tradutores oficiais. Contratados fora dos países ali representados. Que faziam o que era mister ser feito. Aquilo de que eram incumbidos. Mas que nenhum moçambicano ou angolano estava preparado para fazer. Para realizar. Porque, verdade seja dita, não sabia fazer. Não tinha conhecimentos para fazer. Neste tempo, neste tempo ido, de gatinhar e de começar a conquistar postos e lugares em instituições internacionais, era então Ministro da Saúde Pascoal Mocumbi.


Hoje, decorridos, que são tantos anos, talvez mais de duas décadas, parece ser tempo de olhar para trás. Parece ser tempo para reflectir. Para perceber como é difícil enumerar e apontar o número de moçambicanos que ocuparam, ou ocupam, cargos, ou missões, ao mais alto nível, em diferentes organizações internacionais. Desde a ONU e suas agências, ao Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e à SADC. Naturalmente, pode não ser bem interpretado, pode não ser bem acolhido, citar aqui nomes como os de Joaquim Chissano e de Tomaz Salomão. Mas, no seu conjunto, todas estas e outras escolhas, estas nomeações, representam, prestígio para Moçambique. Comprovam a capacidade moçambicana em moderar conflitos internacionais e em gerir interesses regionais. E, neste campo, nesta área, houve um significativo crescimento. Moçambique é escutado, a palavra e a posição de Moçambique é tida em conta. Gostem ou não, uns ou outros, na área diplomática, houve um crescimento que parece mal ignorar. Houve um crescimento que deve ser destacado.