domingo, novembro 25, 2012

Começar a olhar para dentro

Impressionante. Deveras impressionante. O número de marginais que são portadores de armas de fogo. E que com elas praticam roubos e assaltos. Desestabilizam a sociedade. Criam instabilidade e insegurança em diferentes bairros de Maputo e da Matola. Para só falar nestas duas cidades. Mais, não se inibem de se confrontar com agentes da PRM. Isto, a avaliar pelo que tem vindo a público. Que tem sido noticiado. Só na sua edição do dia 29 do mês findo, o “Notícias” (página 3), publica duas locais sobre a matéria. A primeira, com o título “Suposto sequestrador abatido pela Polícia”, escreve que Um suposto sequestrador foi morto e um outro ferido durante uma troca de tiros com agentes da (PRM), encarregues de esclarecer o sequestro do gerente do Hotel Afrin, ocorrido semana passada na cidade de Maputo. E, mais adiante, diz que No âmbito das diligências com vista ao esclarecimento do caso de sequestro do gerente do Hotel Afrin ocorreu uma troca de tiros entre a PRM e um grupo de meliantes munidos de armas de fogo de tipo pistola. Já na segunda notícia, que se refere à situação no Bairro de Khongolote, o título é “Ameaçavam e roubavam viaturas”. Acrescenta, a seguir, que Dois indivíduos estão, desde terça-feira encarcerados numa das celas da sétima esquadra da Polícia, no bairro T3, município da Matola, indiciados de ameaçar cidadãos com uma pistola e roubo de viaturas. Segundo o matutino, um dos detidos ter-se-á identificado como agente da Polícia e construtor e nunca ameacei ninguém com arma de fogo. Mais disse ele, que No sábado quando ia a entrar na discoteca identifiquei-me com agente da Polícia, tendo os guardas pedido os documentos ao que apresentei uma pistola. Só que estranhamente, horas depois, fui detido por uma equipa da Polícia. Sem dúvida, não deixa de ser estranha esta forma de identificação. E, a ser aceite esta tese, eu ou qualquer ser mortal poderá vir a dizer que é agente da Polícia pelo simples facto de portar uma arma. Mas, parece não ser bem assim. É que o porta – voz da PRM na província de Maputo, desmentiu que o referido indivíduo era membro da corporação. As duas notícias atrás referidas não passam de apenas dois exemplos. Talvez os mais recentes. De situações que preocupam o cidadão comum. O não portador de armas de armas de fogo. Serão, não situações únicas. De marginais, de malfeitores, que portam armas de fogo. A questão que a todos intriga e preocupa é a de saber onde é quês estes marginais, estes malfeitores, conseguem as tais armas de fogo. Qual a origem e a proveniência dessas tantas armas. Quem são os seus vendedores ou fornecedores. Quem as empresta, vende ou aluga, por hipótese. Tudo se passa dentro do país ou vem de fora. Tem contornos regionais e internacionais. Esta apresenta-se como uma questão que merece ser investigada e devidamente esclarecida. A bem e em defesa da tranquilidade e da ordem pública. Em respeito aos direitos constitucionais. Talvez seja tempo de se fazer um exercício de introspecção. Talvez seja tempo de se começar a olhar para dentro.

domingo, novembro 18, 2012

Uma solução errada para um problema concreto e real

Afinal, a solução era outra. Não aquela que foi esboçada. Que foi tornada pública e que chegou a ser posta em prática. No que diz respeito à falta de carteiras nas nossas escolas oficiais. Quem o veio dizer foi o actual ministro da Educação. E disse-o, não a jornalista amigo ou em conversa de barraca mas no Parlamento. Foi assim que ficámos a saber todos, nós povo, das medidas já em prática, para que ninguém, para que nenhuma criança, estude sentada no chão. É o “Notícias”, edição da passada quinta-feira (primeira página) que informa que há Novos planos para o drama das carteiras. E que, logo a seguir escreve: O país necessita de pelo menos 5,3 milhões de meticais para cobrir o défice de carteiras escola que se situa em pouco mais de um milhão, 90 por cento das quais seriam para o Ensino Primário. A local acrescenta que As previsões orçamentais da Educação para o ano apontam a existência de uma verba de 415 milhões de meticais para a compra de pouco mais de 100 mil carteiras. Para a aquisição deste mobiliário foram já lançados concursos nacionais em lotes de sete milhões de meticais para cada uma das províncias e um concurso internacional de 140 milhões de meticais para a compra de 30.000 carteiras. Também ficámos a saber que o actual ministro da Educação não se pronunciou, em nenhum momento, sobre a continuidade ou não da iniciativa de aquisição de “carteiras alternativas” (vulgo bandejas), que chegou a ser defendida pelo seu antecessor, Zeferino Martins. Que, recorde-se, foi largamente criticada. Por vários sectores da sociedade. Por todos os motivos e mais um. O de poder representar perigo para a saúde e o desenvolvimento harmonioso dos estudantes. Das crianças. Acontece agora, parece estar a acontecer, que começou a imperar o bom senso. A favor e em defesa dos alunos e das alunas que estudam nas escolas oficiais. Por todo o país. E a boa nova, a novidade é que algo está a ser feito para que as acrianças deixem de estudar sentadas no chão. Infelizmente ainda não tão já todas. Mas como nos ensina o velho aforismo, “Roma e Pavia não se fizeram num dia”. O que equivale a dizer que o caos e anarquia em que esteve mergulhado, nos últimos anos, o sector da Educação não se ultrapassam de um dia para o outro. Haja consciência disso, dessa realidade. Um primeiro passo, talvez o mais importante, terá sido dado. O da tomada de consciência. E da vontade de mudar, de alterar, o que se apresenta e, agora, parece ser assumido, como errado. E que era uma solução errada para um problema concreto e real.

domingo, novembro 11, 2012

O povo sabe como fazer mudar

A Electricidade de Moçambique (EDM), parece querer copiar, imitar modelos e processos de governação do Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM). De má governação, diga-se. Age sem pensar, sem avaliar os possíveis e prováveis efeitos da decisão, da medida que anuncia publicamente. Foi o que aconteceu na semana que passou. Primeiro, anunciou publicamente que ia efectuar um corte de energia eléctrica à região sul do país. Entre as 22 horas de ontem, sábado, e as 18 horas de hoje, domingo. Depois, no dia seguinte, ou horas mais tarde, com data de 14, fez circular por correio electrónico um comunicado. Do seu Gabinete de Comunicação e Imagem. Em que era dado o dito por não dito. Quer dizer, os gestores EDM haviam pensado melhor. Ou, simplesmente, pensado. O que, para eles, parece ser um exercício doloroso. Penoso. Pouco comum e pouco habitual. E, em conclusão, já não era necessário realizar o anunciado “apagão”. Afinal, até havia alternativas. Diz, a dado passo, este segundo comunicado da EDM que Este anúncio é feito no seguimento de estudos das equipas técnicas da EDM, que concluíram a existência de condições para reduzir ao mínimo o impacto negativo do noticiado corte no fornecimento de energia eléctrica entre as 22:00 horas do dia 17 de Novembro de 2012 até às 18:00 horas do dia 18 de Novembro de 2012, anteriormente feito pela própria Empresa. Acrescenta o documento referido que Este corte surge pela necessidade de se efectuarem testes de comissionamento dos transformadores da Subestação da MOTRACO, na província de Maputo. Esse comissionamento tem em vista o melhoramento da qualidade do sistema de fornecimento de energia eléctrica. A primeira questão que importa colocar, que deve ser colocada, é para saber qual o motivo que o anúncio do corte de energia não foi feito publicamente apenas depois de realizados os referidos estudos. Isto, parece ser uma falha de comunicação grave. Demasiado grave. Mas, enfim, só a EDM sabe e pode responder. Então, que responda. Se assim o entender fazer. Este anunciado corte de energia à região sul do país, parece ter percorrido um processo em tudo semelhante ao do recente aumento de preços dos transportes públicos urbanos. Que resultou no que todos já sabemos que resultou. Ou seja, em nada. Pouco mais do que nada. Quer dizer, estão mais caros mas não existem. São em menor número as viaturas em circulação. Para não se falar no encurtamento de rotas. Que continua a ser prática e processo de chantagem dos “chapeiros”. De resto, são eles que dominam e controlam o mercado. Não perceber isto significa continuar a dormir. Mesmo quando se pareça estar cordado. Significa não saber governar. Não saber mandar nem comandar homens. E homens e mulheres sem comando, descomandados, constituem sempre perigo para a estabilidade social. Já começamos a assistir a isso a partir de metade da manhã da passada quinta-feira. Quando a borrada, a cagada da decisão municipal começou a ter os seus reflexos. As suas reacções, na rua. Quanto à semelhança entre as formas de actuação do CMCM e da EDM, pode parecer que são nenhumas. Mas não. Existem e são bem detectáveis. Começam pela arrogância. Pela prepotência. Pela falta de respeito pelo munícipe e pelo consumidor de energia. Temos direito a mais respeito. Não somos números. Somos pessoas. O povo não muda. Os gestores públicos, os governantes podem mudar. O povo sabe como fazer mudar.

domingo, novembro 04, 2012

Quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão

O Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM) já nos habituou a este tipo d hesitações. Começou por publicitar, o mais que conseguiu, largamente, a sua proposta de aumentos dos preços dos transportes públicos urbanos. Municipais e privados. Proposta que viria a ser, como se podia prever, aprovada em sessão da Assembleia Municipal. Depois, estabeleceu para si próprio uma espécie de moratória. Aparentemente para ganhar tempo. Para ver e avaliar reacções. Depois, por fim, parece ter decido arquivar a sua proposta na gaveta do esquecimento. Ora, uma área tão sensível como o é a dos transportes públicos, não pode ser gerida desta forma. O que já aqui escrevemos mais de uma vez. Afinal, pode perguntar-se, para que serviram tantas reuniões e essa chamada auscultação popular. Ao que parece para nada. De resto, todos o sabemos, de nada vale ir perguntar às pessoas se aceitam aumentos de preços. A resposta, muito naturalmente por medo, pode ser sim. A reacção na prática será não. De resto parece menos correcto que tenha sido o próprio CMCM a vir dizer, publicamente, que os ex – TPM, empresa sob sua tutela, tem mais de uma centena de autocarros parados. Por não ser rentável a sua circulação. Porque quantos mais circularem maior ser o prejuízo. O que nem é novidade. Como não é novidade a teimosia em tentar provar que um serviço social pode ser lucrativo. Rentável. Sustentável. Não pode. Como o não pode um hospital público ou um centro de saúde. Nem uma escola pública. Logo, parece ser necessário enfrentar o problema numa perspectiva diferente. Numa perspectiva realista e corajosa. Abandonar o maniqueísmo. E o oportunismo político de que os residentes na cidade de Maputo e da Matola estão a ser vítimas. Não indefesas nem passivas. Mas vítimas. Sendo que o tempo é bom conselheiro, saibam parar pensar. E, pensar melhor. Perante a crise, perante a falta de transportes públicos, criada artificialmente, os “chapas” de caixa aberta ganham terreno. E circulam como e por onde querem. Transportando pessoas em piores condições de segurança do que é transportado gado. Bois, cabritos e por aí em diante. Impunemente. Nada nem ninguém os impede de circular como circulam. Tomaram de assalto e ocuparam o espaço deixado ocupar pelos gestores municipais. Esperemos que não por muito tempo, menos ainda definitivamente. Sem receio de desmentido, estamos perante a maior e mais grave crise de transportes desde a independência nacional. O problema, como já foi explicado, não está na falta de meios circulantes. De viaturas. Nem de dinheiro. Se as viaturas foram compradas é porque o havia. No mínimo houve crédito para as comprar. Não faz sentido, não colhe o argumento de que estão paradas devido a défice de exploração. Por darem prejuízo. O que sobressai de tudo isto, são conflitos de interesses. Guerrilhas pessoais. Negócios de cueca. Esperemos que percebam que a corda parte sempre pelo lado mais fraco. E o lado mais fraco, no presente caso, é a gestão municipal. A qual vale o que vale e parece estar a valer muito pouco. E que sequer percebeu o que todos perceberam e sabem. Que quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão.