domingo, abril 27, 2014

Trata-se de bom senso

De quando em quando, o Acordo Ortográfico é tema de notícia. Pelas mais diversas e diferentes razões. Moçambique e Angola ainda não rectificaram o documento. Ao que se sabe, não se sentem confortáveis com o seu conteúdo. Referindo-se ao caso destes dois países, o “Notícias” do passado dia 21 (página 39) titula Acordo Ortográfico com especificidades. E logo a seguir escreve que Os Ministros da Educação de Moçambique e de Angola defenderam que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa incorpore as “especificidades” linguísticas de cada um dos Estados-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Segundo o matutino Esta posição foi apresentada no final do encontro dos Ministros da Educação da CPLP e, na ocasião, o titular da pasta no país, Augusto Jone, afirmou que o acordo que ainda não foi ratificado por Moçambique e Angola, deve contemplar as particularidades linguísticas de cada um dos país da comunidade. Ainda segundo o ministro moçambicano, ”Encontramos palavras que só têm sentido para os falantes de um determinado país” e temos um vocabulário de cada país, além daquele que nos é comum. Acrescenta o matutino que “Penso que as reflexões que fizemos englobaram as preocupações de todos os países que falam a Língua Portuguesa, em termos do enriquecimento desta língua e das nacionais que são faladas em cada um dos países”, disse o ministro da Educação angolano, Pinda Simão, salientando que Angola não está contra o Acordo Ortográfico. [...] Moçambique e Angola são os únicos países, de entre os oito da CPLP, que ainda não ratificaram o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Comecemos por recordar que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é algo controverso, de inspiração do Brasil, o Acordo parece pouco ter a ver com os interesses de alguns dos países falantes de português. Casos de Moçambique e de Angola. Como está, como foi elaborado, os fins que pretende atingir, parece obedecer a objectivos e a lógicas colonialistas. A pouco tempo de uma possível e provável ratificação, pelo Parlamento moçambicano, a situação aconselha calma e ponderação. Por exemplo, seria importante saber-se quando custa a sua aplicação efectiva e quantos anos de prevê necessários para a conclusão do processo. Naturalmente nunca menos de dez. De qualquer forma, parece bom para todos que não nos venham a obrigar a falar brasileiro. Não faz sentido. Como muitos já se terão apercebido. O português do Brasil, é brasileiro. Uma língua híbrida. O português é português. Gostem ou não gostem os brasileiros. No fundo ou no final da questão, podemos dizer que trata-se de bom senso.

domingo, abril 20, 2014

Para que todos fiquemos a ganhar

Neste nosso país, sucedem situações que parecem cenas de um filme surrealista. E que se não tivessem honra de notícia impressa seriam difíceis de acreditar. Nas, acontecem e em Moçambique. Referindo-se a caso recente registado no distrito de Magude, o “Notícias” (edição da passada quarta-feira, página 5) titula que Agentes da FIR comandam assaltos. E, escreve que Dois agentes da Força de Intervenção Rápida (FIR) estão detidos indiciados de liderar uma quadrilha de assaltantes à mão armada que realizava incursões em diferentes pontos do distrito de Magude, na província de Maputo. Acrescenta o matutino que Com os dois agentes da FIR foram apreendidas duas pistolas. Segundo apurámos, os agentes em causa saíam do quartel da FIR na cidade de Maputo, para se juntar a outros três comparsas, no caso um ex-agente da Polícia de Protecção que desertou em 2011; um antigo motorista de “chapa” que se encarregava de conduzir a viatura usada nos assaltos e um quinto indivíduo residente na região, habitualmente encarregue de fazer reconhecimento e identificar as potenciais vítimas da acção do grupo. Somos também informados que Nos últimos assaltos havidos na semana passada, o grupo escalou duas residências, uma das quais pertencentes a um curandeiro na zona de Mapulanguene, onde a quadrilha roubou 110 mil meticais. Sem necessidade de fazer mais transcrições para a compreensão do caso, importa colocar algumas questões. A primeira relaciona-se com o saber-se como é feito o recrutamento das pessoas para ingressarem na PRM, no geral. Quais os critérios. Uma vez que a sua formação custa dinheiro ao Estado. Dinheiro dos nossos impostos. E que acaba por ser dinheiro gasto sem qualquer benefício. Quer dizer, pagamos para formar pessoas que nos possam defender e são essas pessoas que com fardas e armas pagas pelo Estado nos assaltam e nos roubam. Ficamos sem saber quem protege, quem defende o cidadão e a sua propriedade, os seus bens. Questão não menos importante é que parece demasiado fácil sair do quartel ou da esquadra com farda e arma. Perante esta realidade que, certamente, a ninguém interessa nem tranquiliza parece que deve ser colocada, mais uma vez, a questão da necessidade de purificação das fileiras das diferentes polícias. Queremos poder acreditar que assim irá acontecer. Para que todos fiquemos a ganhar

domingo, abril 13, 2014

Surpreendidos se não amedrontados

É deveras impressionante o número de notícias que nos chegam, que são divulgadas, sobre casos de roubos. Todas as semanas. Em mais de um dia em cada semana. Tanto a nível do aparelho do Estado como de empresas públicas. As últimas foram divulgadas pelo jornal “Notícias da passada quarta – feira (página 5). Sob o título “Funcionários da EDM deviam 526 mil meticais”, o matutino escreve que Dois funcionários seniores da Electricidade de Moçambique (EDM, Área Operacional de Nampula, são acusados de estarem envolvidos no saque de 526 mil meticais da empresa, usando artimanhas fraudulentas. Acrescenta a notícia que O Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) diz que o acto configura o crime de participação económica ilícita. Segundo a notícia Trata-se do director da Área Operacional de Nampula e do chefe do Departamento Financeiro, cujas identidades não foram reveladas. Os indiciados terão criado uma empresa com um terceiro indivíduo alheio à instituição com a única intenção de favorecê-la nos concursos públicos de prestação de serviços à EDM. Trata-se, ao que a realidade nos mostra, de um processo pouco original. Mas que ainda tem os seus adeptos e os seus seguidores. Resta saber até quando. A mesma notícia fala de um outro caso. Este sim, inédito e original. Sob o entretítulo Agentes de trânsito extorquem na Manhiça, a local diz que O porta-voz do GCCC sublinhou que no distrito da Manhiça, província de Maputo, dois agentes da Polícia de Trânsito afectos no Comando da Cidade de Maputo foram apanhados em flagrante delito a extorquir dinheiro a automobilistas naquele ponto do país. Sem nenhuma autorização, os dois agentes em causa viajaram da capital do país até ao distrito da Manhiça, a cerca de 70 quilómetros da cidade, onde montaram um posto de controlo ilegal, para mandar parar viaturas e extorquir os seus condutores usando as mais complexas artimanhas. Ainda sobre este caso, somos também informados que Os agentes foram surpreendidos por um magistrado do Ministério Público daquele distrito que se apercebeu daquela actividade ilegal. Convenhamos que se trata de um processo original. Seria interessante sabermos também se os agentes policiais se fizeram à estrada para percorrerem os 70 quilómetros utilizando viatura pessoal ou da própria corporação. Talvez a segunda hipótese constitua agravante para a infracção cometida. Para o comum dos automobilistas, não deixa de ser incómodo ser mandado parar, sem motivo aparente. Pior ainda quando os agentes de trânsito são acompanhados pelos chamados “cinzentinhos”. Fortemente armados e nos tratam como criminosos. Os exemplos de actuação irregular destes “cinzentinhos” são muitos. Vão desde a situação no posto do Zimpeto até ao que se passa nas avenidas Mao Tsé tung, Nyerere ou 25 de Setembro. Em muitos dias da semana. Passem por lá e confirmem. Seria interessante ficarmos a saber se esses agentes agem por ordem superior ou por iniciativa pessoal. É natural que fiquem surpreendidos se não amedrontados.

domingo, abril 06, 2014

Precisamos que tragam soluções em vez de problemas.

Há acontecimentos que não deviam ser notícia. Que não deviam merecer espaço em órgãos de informação. Isto pelo simples facto de constituírem rotinas. Banalidades. Coisas normais em qualquer parte do mundo. Em qualquer cidade que se preze de garantir serviços mínimos aos munícipes. O que nem sempre acontece entre nós. Vejamos um primeiro exemplo. Na sua edição do passado dia 2 (página 3), o “Notícias titula: Município desentope colectores. E escreve que Colectores de águas residuais e pluviais das zonas de cimento da cidade de Maputo estão a ser desentupidos. A obstrução e danificação do sistema, que desde ontem está a ser reposto, foram causadas durante a instalação de novas infra-estruturas de abastecimento de água, electricidade, telefones e internet. E logo a seguir: Durante as escavações visando instalar condutas e cabos destes serviços, muita areia acabou obstruindo o sistema de drenagem e danificando os colectores. Quer isto dizer que uns estragam e outros reparam. É caso para dizer, até onde chega a impunidade. Mas, e sem sair do tema, pode perguntar-se qual o motivo que impede que também as sarjetas sejam desentupidas? Seria, também e igualmente, um bom serviço prestado ao cidadão. Um segundo caso, que parece não justificar notícia, encontramos na página 5 do mesmo dia, do referido jornal. Abordando a questão do escoamento do tráfego automóvel, titula que Maputo e Matola buscam alternativas. Através da local, ficamos a saber que Técnicos do Departamento Nacional de Trânsito, Administração Nacional de Estradas, Instituto Nacional de Transportes Terrestres e das direcções dos transportes de Maputo e Matola estão a trabalhar na identificação de vias alternativas para o escoamento do tráfego nos dois municípios. E mais: Sobre esta nova iniciativa, o comandante nacional da Polícia de Trânsito, Francisco Chabane, disse que a mesma não vai interferir nos demais projectos desenhados para médio e longo prazo com o objectivo de aliviar o trânsito urbano. Segundo ele, a ideia é resolver um problema de momento e que se vai afigurando insustentável. Segundo a mesma fonte de informação, “A medida em estudo passa pelo alargamento do trânsito condicionado entre Maputo e Matola para as horas de ponta, introduzindo uma terceira faixa em zonas que neste momento não estão abrangidas mas que denotam engarrafamento. A circulação condicionada passará a ser de manhã e à tarde, tudo com vista a acelerar a fluidez na circulação. Também estamos a equacionar faixas exclusivas para os transportes públicos de passageiros, neste caso “chapas” e autocarros. O que se pretende de imediato é encontrar estratégias para aliviar a crónica situação de congestionamento”, explicou Chavane em entrevista concedida ao |”Notícias”. Naturalmente, na perspectiva do trabalhador, todas as medidas serão boas e úteis. Desde que passe a chegar a casa mais cedo e a sair mais tarde. Sem dúvida, precisamos que tragam soluções em vez de problemas.