domingo, junho 21, 2009

ideias más de pessoas boas

Por uma questão de princípios, não costumo responder a textos que rebatam ou contrariem ideias por mim expressas. Principalmente quando se trate de textos considerados anónimos. Por não assinados. Já outra coisa e bem diferente, é tentar combater ideias com ideias falsas. Com falsidades. Para, depois, tentar branquear a História. De tentar, repetir e fazer aceitar como boa a versão da História dos vencedores. Sem ter a coragem e a honestidade intelectual, também, de ler a História contada pelos vencidos. A versão da História dos vencidos. Neste campo, e a terminar esta breve introdução, aconselho vivamente a leitura do livro “As Cruzadas vistas pelos Árabes” da autoria de Amin Maalouf, de origem libanesa. E, em relação ao qual o jornal “Diário de Notícias”, de Lisboa – e, para quem não saiba, Lisboa é a capital de Portugal -, escreveu: Comprometido entre a oralidade simples da épica e a arrumação dos factos da crónica antiga, o livro é uma lúcida releitura em perspectiva diferente, contada de modo a que os ocidentais percebam, desse conflito multissecular e cheio de sequelas que foram as Cruzadas.


Na sua última edição, publicou este Semanário uma local com o título “textos maledicentes”. A primeira parte do qual me é dirigida. Ou pretende ser, pelo simples facto de citar o meu nome. Pois bem, diz o texto, que se identifica como sendo de uma “Sociedade Civil”, que as caravelas que aqui aportavam traziam pedras como balastro. Ora, balastro é uma mistura de areia e pedras britadas com que se cobrem as travessas em que assentam os carris. Ora, que as caravelas possam ter trazido pedras, é provável que sim. Mas como lastro. É que, lastro, é qualquer matéria pesada que se coloca no fundo de uma embarcação para assegurar o seu equilíbrio. De facto, o português é uma língua difícil. Sempre foi! O texto em apreço, refere-se, também, às lutas entre colonizadores e diz que o almirante holandês aprisionou a população portuguesa na vila e exigiu a rendição da fortaleza (...) tendo sido o apoio dado pelos habitantes da costa que ajudaram a fortaleza a resistir trazendo alimentos à noite aos defensores do forte nas suas pirogas. È caso para dizer, mal esclarecidos nativos que, em vez de terem ficado quietos e neutros, optaram por apoiar os ocupantes portugueses. O resultado, que eles não podiam prever, nesse então, foi uma independência com décadas de atraso em relação à maioria dos povos africanos. E, só depois de uma guerra que custou muitas vidas. Quanto ao trabalho voluntário das tripulações e dos nobres no transporte da pedra, não passa de uma invenção para tentar adoçar o colonialismo. Os nobres, nunca terão trabalhado. E, ao que parece, nem o seu estatuto o permitia. Que há memórias de nobres na Ilha, isso há. Mas, séculos depois e quando para ali deportados. Principalmente, do Brasil. A memória dos ilhéus mais velhos, ainda conserva a imagem de nobres a executarem trabalhos forçados. Em obras públicas e devidamente acorrentados. A terminar, dizer que antes de eu haver escrito sobre “As Sete Maravilhas Portuguesas no Mundo”, um semanário de Maputo tinha dedicado uma página ao tema. Ainda antes, antes disso, já ilustres catedráticos da mais antiga Universidade portuguesa, a Universidade de Coimbra, haviam feito um abaixo assinado. Em protesto contra o referido concurso. Nem por isso terão sido acusados de ódio actual ao povo português. Pelo simples facto de que terão, apenas, criticado ideias e iniciativas de outros seus compatriotas. Muito provavelmente que consideram erradas, ideias más de pessoas boas.