domingo, abril 14, 2013

Prometer é fácil cumprir é bem mais difícil

Finalmente, soube-se alguma coisa. Apesar de ainda ser pouca. Isto em relação ao roubo no Ministério da Educação. Na sua edição do passado dia 10, o “Notícias” (página 5), titula que “GCCC adia revelação do valor total da fraude”. E, logo a seguir escreve que O Gabinete Central de Combate à Corrupção diz ser prematuro revelar o valor total da fraude em investigação no Ministério da Educação, uma vez que a cada passo da investigação às contas do sector têm sido reportados novos elementos do desfalque. Depois de mais alguns considerandos, a local acrescenta que Para além do montante envolvido na fraude, a instituição de investigação ligada à Procuradoria-Geral da República aponta que não pode avançar igualmente os nomes de todos os indiciados na fraude, confirmando apenas tratar-se de pessoal ligado ao Ministério da Educação e à Contabilidade Pública do Ministério das Finanças. De notar, aqui, ser curioso o facto de surgirem tantas referências a funcionários do Ministério das Finanças sempre que se fala sobre fraudes e roubos. Trata-se, no mínimo, de um fenómeno estranho. A menos que, por hipótese, tenham constituído, tenham criado, alguma associação para delinquir. Com outros iguais de outros sectores de governação. De outros ministérios. Talvez convictos de serem impunes à Justiça. O que se espera que não. Mas, voltando à questão do roubo no Ministério da Educação, apesar de a investigação ainda estar em segredo de justiça ficámos também a saber que A cada dia das investigações são novos dados anexados ao processo, daí que não é ainda possível avançar, com exactidão, o montante envolvido na fraude e os seus autores. Com base nesta retórica, a avaliar por esta falácia, pode muito bem estarmos a caminhar para mais um crime sem castigo. Vejamos o que escreve, mais adiante, o referido matutino: Enquanto o GCCC e a Inspecção-Geral das Finanças trabalham com o intuito de apurar o valor global da fraude, a Inspecção do Ministério conseguiu apurar que pelo menos em 2012 foram desviados cinco milhões de meticais. Curioso, não deixa de ser o facto de, sabendo-se ter sido roubado tão elevados montantes dos cofres do Estado não estar ninguém preso. Aparentemente, neste país, já não se prendem os ladrões. Os grandes ladrões. Prendem-se o esfomeado que roubou um pão, uma galinha, um pato. Como meio de sobreviver. Para estes, temos cadeias. Para os outros, não. De facto, as cadeias que temos devem ser muito más para os ricos. E, pensam eles, nunca lá irão dormir. Talvez até um dia. A História tende a não ser, eternamente a história contada pelos vencedores. Também poderá vir a ser contada pelos vencidos. Um dia. Enquanto isto, enquanto sobre esta situação já temos informação mínima, continuamos sem saber nada sobre outras. Sobre outras duas. Que estavam e, ao que parece, estão a ser investigadas, a ser investigadas ao mais alto nível. Uma, por parte do Ministério das Finanças. Relativa à venda de viaturas. Por processos menos claros e transparentes. Por parte ou com a conivência de seus altos funcionários. De funcionários do Ministério das Finanças. Mais uma vez. Os mesmos ou diferentes. A outra, sobre o funcionamento e gestão dos órgãos de Informação pública. No caso concreto, TVM, RM, AIM. Queremos saber se a inspecções, se as auditorias, detectaram ou não detectaram irregularidades. Trata-se de um direito nosso. Como cidadãos. E, de uma obrigação dos ministros que ainda nos governam. Até ver. Isto para concluir que não se deve prometer aquilo que não se quer ou não pode realizar. Tenhamos sempre presente que prometer é fácil cumprir é bem mais difícil.