domingo, junho 09, 2013

Não há peneira que consiga tapar a luz do Sol

Há dias tive um sonho. Pensei ser um sonho bom. Afinal, não. Foi um sonho mau. Um pesadelo. Porventura. Sonhei que o Ministério das Finanças, tinha, finalmente, revelado os resultados da investigação que mandou fazer sobre a venda de viaturas do Estado. Com todos os seus contornos e nomes dos implicados. Confrontando o meu sonho com a realidade, verifiquei que não foi o que se terá passado. Verifiquei que não terá passado de um sonho mau. Já no dia seguinte, sonhei de novo. Sonhei que tinham sido tornados públicos os resultados à gestão da TVM, da RM e da AIM. Também aqui foi um sonho mau. Desmentido pela realidade. Mas voltei a sonhar. Pela terceira vez. Desta vez sonhei que tinham sido tornados públicos os resultados da investigação mandada efectuar ao Ministério da Educação. O seu montante e as conivências existentes entre funcionários de diferentes ministérios. Vários. Também aqui, confirmei não ter passado de um sonho. Um sonho mau. De mais um pesadelo. Interroguei-me, então, se não seriam sonhos a mais. Se não seria melhor eu tentar deixar de sonhar. E ater-me apenas à realidade. Foi o que tentei fazer. Prometo não querer sonhar mais. Para descanso e sossego das vossas almas maculadas. Principalmente não voltar a incomodar. Quem promete e faz pouco. Ou faz nada. Prometo aprender a querer viver apenas com a realidade. A realidade, a nossa realidade, não abre espaços para o sonho. É uma nublosa. Como o parece ser a greve dos médicos. Que ninguém sabe como nem quando pode acabar. E com que custos de vidas humanas, até lá. Até terminar. Em resposta a uma carta que lhe foi enviada pela AMM, segundo o jornal “Notícias” do passado dia 6 (primeira página), Equipa de negociação (está) investida de mandato. Diz a local que O governo reitera que a equipa multissectorial tutelada pelo Ministério da Saúde continua válida para dialogar com a Associação dos Médicos de Moçambique (AMM) ora em greve. Mais esclarece a local que Esta informação vem expressa num documento do Gabinete do Primeiro-Ministro, Alberto Vaquina, em resposta a uma carta da AMM que solicitava intervenção deste nas negociações interrompidas. Tanto em sonho como na realidade, esta resposta parece não passar de uma aberração. E de uma aberração jurídica. Ë que ninguém vai conseguir entender, nem explicar, como sendo o conflito entre Ministério da Saúde e médicos, seja o primeiro, o MISAU, a tutelar a equipa que tem por dever acabar com o conflito. Pela simples e primeira razão de que não se pode ser juiz em causa própria. Muito provavelmente, o que está em questão não é uma questão conjuntural. Apenas de salários e de estatuto. Pode e parece ser um problema estrutural. E, aqui entramos na falta de condições de atendimento. De trabalho em muitos dos centros hospitalares. Onde o que falta parece ser mais do que aquilo que existe. Os médicos podem estar a ser intransigentes em alguns aspectos. Ninguém o vai negar. O Governo está a demonstrar grande falta de sensibilidade na solução do conflito. Sobretudo de capacidade de diálogo. Mas, para tudo há soluções. Menos para sonhos maus. Façam mais um esforço. E se não querem ou não sabem fazer melhor, peçam ajuda a Joaquim Chissano. Vão ver que ele vos vai ajudar no que não sabem fazer. Ele vos irá indicar o caminho certo. E aconselhar a que não vale a pena tentar tapar o Sol com uma peneira. Até por não há peneira que consiga tapar a luz do Sol.