domingo, janeiro 05, 2014

O princípio da desbunda

O número de vítimas mortais em acidentes de viação continua a aumentar. Ainda recentemente, na província da Zambézia, mais cinco pessoas, que se faziam transportar num autocarro de uma empresa privada, perderam a vida. Muitas mais ficaram feridas. Sobre o assunto, o “Notícias, na sua edição do passado dia 17 (página 5), titulava Maning Nice chamada à razão. E logo a seguir escrevia que A Polícia da República de Moçambique, na província da Zambézia, diz que chegou o momento de fazer um trabalho mais profundo com a transportadora Maning Nice com vista a apurar as razões de consecutivos acidentes de viação. Segundo a corporação, a maior parte dos acidentes envolvendo aquela transportadora tem como causa o rebentamento de pneus, facto que constitui uma preocupação. Acrescenta a local que A Porta-voz da PRM na Zambézia, Elsídia Filipe disse, ontem, aos media que olhando para o histórico dos acidentes encontram-se, invariavelmente, o arrebentamento de pneus como a causa principal, o que justifica um trabalho com a empresa para não expor vidas humanas ao perigo. Ainda segundo a mesma mensageira, nos onze meses deste ano, quase todos os acidentes que envolvem autocarros da Companhia Maning Nice estão associados ao estoiro de pneus e consequente despiste das viaturas. De acordo com a mesma, o trabalho a realizar Será um trabalho dirigido especificamente à empresa para se apurar o que está a acontecer, disse Elsídia Filipe para quem das cento e cinquenta e seis vítimas mortais registadas nos onze meses deste ano, em acidentes de viação, aquela companhia tem uma significativa contribuição. De acordo com o que lemos, vem da Zambézia uma atitude diferente sobre as causas doa acidentes de viação. Pode parecer uma pedrada no charco. Mas ainda bem que há a percepção de que as empresas proprietárias das viaturas de transporte podem ter responsabilidades pelas causas de muitos dos acidentes de viação. A pergunta , óbvia, que deve ser feita perante esta realidade é se as viaturas da referida empresa têm ou não sido submetidas a inspecções periódicas. Ao que parece e segundo a realidade dos factos, não. Sendo assim e se assim é, o que permite ou quem autoriza esta impunidade. Esta violação da lei. Temos para nós que as referidas inspecções não se destinam, não devem abranger apenas viaturas privadas, particulares. Individuais. Será, por exemplo, que os chamados chapas e chapas de caixa aberta que circulam no sul do país estão isentos de ser inspeccionados? Quase e certeza que não que não. O que pode não existir é vontade ou força para os fazer cumprir a lei. O que parece haver é medo. De uns tantos frouxos que até se não ao direito de terem batedores a fazerem mandar parar o trânsito. À sua passagem. Ridículo. Absolutamente ridículo. Se este tipo de comportamento pode ser aceitável e justificável no sobado ou no regulado, já não o parece ser para quem governa a capital do país. Podemos estar a entrar no campo da impunidade. Como podemos estar a entrar numa situação em que manda quem pode e obedece quem quer. A realidade é que quem manda parece mandar pouco. E quem devia obedecer já não parece ou não quer obedecer. O que pode significar o principio da desbunda.