domingo, março 30, 2014

Assim haja vontade

As mortes nas estradas já são uma constante na nossa vida. Já fazem parte da nossa realidade. Todos os dias, todas as semanas se registam acidentes de viação. Os números de mortos e de feridos são preocupantes. Assustadores. Estamos perante um flagelo. Uma calamidade. Que não escolhe idades nem sexos. Homens e mulheres, crianças, jovens e idosos, todos estão sujeitos à morte nas estradas do país. Eliminar, inverter a situação, parece longe de ser uma realidade. Na passada segunda-feira, em mais um acidente, na cidade de Maputo, envolvendo dois “chapas”, provocou a morte de 12 pessoas e ferimentos em outras 18. Na sua edição do passado dia 26, o “Notícias” escreve em primeira página que Doze pessoas morreram e 18 ficaram feridas em consequência de um acidente de viação ocorrido cerca das 5.00 horas da manhã de ontem na Avenida de Moçambique, no bairro do Zimpeto, cidade de Maputo. Inicialmente falava-se em sete mortos, número que viria a aumentar com a morte dos outros feridos graves. Ainda segundo a mesma local O aparatoso desastre envolveu duas viaturas de transporte semicolectivo de passageiros, vulgo “chapas” (...). Segundo os agentes que se ocuparam do sinistro, o excesso de velocidade e a falta de perícia por parte dos condutores das viaturas são prováveis causas do acidente, que ceifou cinco vidas humanas no local. Pronunciando-se sobre o assunto, Leonardo Cossa, presidente da Associação dos Transportadores Semicolectivos de Passageiros na província de Maputo disse que a má actuação da Polícia e a irresponsabilidade dos condutores são as principais causas dos acidentes frequentes envolvendo “chapas”. Para o mesmo entrevistado, uma acção coordenada entre o Instituto Nacional dos Transportes Terrestres (INNATER), escolas de condução, Polícia de Trânsito, associações dos transportadores e proprietários dos “chapa”pode reduzir os índices de acidentes de viação que têm estado a acontecer nas estradas nacionais. Quem não está de acordo com esta posição é Orlando Mudumane, porta-voz da Polícia na cidade de Maputo, que nega as acusações que pesam sobre a sua instituição, afirmando que os agentes da Polícia de Trânsito têm estado a actuar dentro das normas, mas o grande problema é o mau comportamento dos condutores dos “chapa”. Convenhamos que esta questão dos acidentes de viação não seja fácil de resolver. E não o será, com toda a certeza, quando as partes interessadas extremam as suas posições. À partida, a posição dos transportadores tem lógica. E merece ser apreciada e debatida em sede própria. Porém, à partida, importa colocar e desde já algumas outras questões. Por exemplo, a obrigatoriedade de os motoristas terem de entregar, todos os dias um determinado valor monetário ao patrão pode ou não ser causa de acidentes. De altas velocidades, de cortes de prioridade e por aí em diante. Não menos importante seria saber se todos os motoristas estão habilitados com carta de condução. E se as viaturas estão em bom estado mecânico. Por fim, por hoje, e para não de ser exaustivo, se todas elas estão dotadas de seguro. Em caso de direito de indemnização por parte das vítimas ou de seus familiares, quem paga? O motorista ou o proprietário da viatura? Parece um vasto campo de discussão. De diálogo. Assim haja vontade.