sábado, setembro 17, 2005

Publicado em Maputo, Moçambique no Jornal Domingo de Setembro 11, 2005

antes e depois

Luís David


aproveitar a oportunidade


Vivemos numa época, numa era, em que a economia e a civilização assentam num recurso natural. Chamado petróleo. Um recurso chamado petróleo que sendo, em princípio e teoricamente, inesgotável, não é renovável. Um recurso cujas reservas mundiais são apenas conhecidas por bem poucos. Mas, também, um recurso cujo aumento do preço de venda no mercado internacional, bem pode fazer derivar a sua exploração para zonas alternativas das tradicionais. Tradicionalmente fornecedoras do produto a baixo custo. Hoje, como desde há décadas, o controlo das zonas de produção de petróleo, das suas rotas e reservas, constituem factores de guerras. Quer acreditemos ou não. Acrescentemos, para melhor nos situarmos, que no início de 2004, os dois países com maiores reservas petrolíferas do mundo – o Iraque e a Arábia Saudita – viram-se atormentados pela violência islâmica. Quem assim escreve é Michael Scheuer, em “Orgulho Imperial: Porque está o Ocidente a perder a guerra contra o terrorismo”. Um livro cuja primeira edição foi publicado sob o pseudónimo de “Anónimo”. Por o autor estar ainda a trabalhar para a CIA. Um livro, sem sombra de dúvida, extremamente crítico sobre a forma como os Estados Unidos e o Ocidente estão a fazer a guerra contra o terrorismo. Em última análise, um livro polémico.


É bem verdade que petróleo, para muitos de nós, significa pouco mais do que o combustível que faz andar a nossa viatura. E que, quando sobe de preço, faz aumentar o preço de tudo – ou de quase tudo – o que consumimos, em espiral. Mas, para além do custo financeiro, o petróleo tem um custo político. Se considerarmos que tem vindo a ser fixado politicamente, e não segundo as regras do mercado. Para este factor nos chama a atenção o autor do livro quando, logo no prefácio, escreve: O petróleo do Golfo Pérsico e a falta de um desenvolvimento sério de energias alternativas por parte dos Estados Unidos são o âmago da questão bin Laden. A troco de petróleo barato e facilmente acessível, Washington e o Ocidente têm sustentado as tiranias muçulmanas que bin Laden e outros islamistas tentam destruir. Não pode haver outra razão para apoiar a Arábia Saudita, um regime que desde a sua fundação tem alimentado deliberadamente uma ideologia islâmica cujos objectivos – ao contrário dos de bin Laden – apenas poderão ser atingidos pela aniquilação de todos os não muçulmanos. Esta guerra poderá prolongar-se para além das vidas dos nossos filhos, e vir a ser principalmente travada em solo americano. Parece necessário esclarecer que o livro foi escrito depois dos ataques de 11 de Setembro de 2201. E que procura ser um alerta para a possibilidade de futuras acções semelhantes. Como já foram registadas. Significativa, no contexto do preço actual do barril de petróleo e dos acontecimentos