sexta-feira, agosto 11, 2006

Publicado em Maputo, Moçambique no Jornal Domingo de Julho 23, 2006

antes e depois

Luís David


ministro não é fiscal


Um pouco por todo o país, existem edifícios públicos construídos há muitas dezenas de anos. Na maioria dos casos, trata-se de construções sólidas. Logo, de custo elevado. Na maioria dos casos, serão construções pensadas e concebidas para durar longas décadas. Possam ou não, no tempo presente, necessitar de trabalhos de manutenção ou de reabilitação. O tempo e o uso, assim o podem exigir. Acontece agora, hoje, que muitos dos edifícios públicos parece que são construídos a pensar num tempo de duração medido em anos. Não em décadas. Mas, pior do que esta falta de visão, pior que esta (má) estratégia, é a péssima qualidade do trabalho, da construção em si mesma. Que parece ninguém ver ou não querer ver. Muito recentemente, aí tivemos o que todos o que todos vimos com as casas do Fundo de Fomento da Habitação. Esta semana, foi o governador de Sofala, a fazer de fiscal de obras públicas. A fazer o trabalho que os fiscais não fizeram. Ou fizeram mal. Aconteceu em Marínguè. Onde um escola nova não possuía sanitários para raparigas. E, cúmulo dos cúmulos, as janelas não tinham dobradiças. De facto, a fazer fé nos relatos vindos a público, quando mais se caminha para longe das capitais provinciais, mais distante fica, também, a qualidade do trabalho realizado. Sem qualquer justificação plausível.



A má qualidade de obras públicas não começa nem termina em escolas, postos de saúde ou hospitais. Atinge também artérias urbanas e estradas nacionais onde são investidos muitos milhares de biliões de meticais. Mesmo que da nova família. E, exemplo à vista de todos é o da Estrada Nacional Número Um. Em que a qualidade do trabalho realizado é diferente de troço para troço. Como diferente é o dia da noite. Aqui, temos um pavimento liso e impecável. Mais além, um piso diferente e onde começam a aparecer buracos. Noutro local, onde existe obra de arte, o terreno começa a ceder, a dar origem a sulcos declives com vários centímetros de desnível. Um perigo, já, para a circulação automóvel. Quanto à sinalização vertical, nem vale a pena falar. É, em si mesma um desastre. Com placas a autorizar 100 quilómetros por hora dentro de centros urbanos e, pior, após as quais existem lombas. Simplesmente ridículo e revelador de incompetência. Mas tem mais, tem placas a dar por findo o limite de uma determinada velocidade, sem que exista, anteriormente, qualquer placa de limitação. É caso para perguntar, uma vez mais, por onde anda a fiscalização. O que fazem ou o que fizeram os fiscais da obra. A resposta, terá de ser que não fizeram nada. Que não fizeram o trabalho que é a razão de ser da sua existência e, pelo qual, são pagos. O motivo pelo qual não fizeram o trabalho que deveriam ter feito, fica ao critério da imaginação de cada um. O que não custa prever, é que não irá passar muito tempo sem termos, de novo, um ministro no papel de fiscal. Embora, convenhamos, todos o sabemos, ministro não é fiscal.