domingo, agosto 19, 2007

para evitar mais pressões e intervenções externas

Publicado em Maputo, Moçambique no Jornal Domingo de Agosto 19, 2007

antes e depois

Luís David


Vivemos, desde há alguns anos, em democracia. Vivemos num sistema político, ao qual se convencionou chamar democracia. Que não sendo, naturalmente, um sistema perfeito, é o melhor de todos os sistemas conhecidos. Assim a definiu um ilustre estadista europeu. Por palavras diferentes e há muitas décadas. Ora, a nossa jovem democracia é isso mesmo. É jovem. Mas, para além de ser jovem e novata, está a crescer e a procurar firmar-se num Estado também jovem. Ainda não consolidado. Num Estado que é o que é. Num estado que, não custa admitir, tem mais de valores, de vontades e de imposições externas do de quereres e de vontades internas. Num Estado que se procura impor como modelo, para consumo externo. Mesmo quando esse Estado possa estar a afastar e a afastar-se dos fundamentos básicos da Nação. Da criação da Nação e da consolidação da Nação moçambicana. No que ela necessita para se afirmar, para se firmar e para se poder impor. Ora, a tudo isto e, certamente a bem mais, se ajunta o facto de a nossa democracia, assim como a conhecemos e assim com a temos, apenas ter pai. Apenas ter quem se afirma como pai. E que, até hoje, nunca revelou quem é a mãe. A nossa democracia é, assim, uma democracia de pai assumido e de mãe desconhecida. Pode, pois e muito bem, não passar de uma democracia enjeitada.


O tempo parece passar rápido. Os anos somam-se aos anos. Completam décadas. De um passado recente. De um passado de partido único que, alguns preferem evitar recordar e, outros, pior, não assumir. Nesse passado recente, houve um determinado período de tempo em que Moçambique, talvez mais em particular Maputo, viveu situações anormais. Da análise do que se estava a passar resultou a publicação de um panfleto, talvez de uma brochura, como lhe queiram chamar, a que terá sido dado o título “Como Age o Inimigo”. O boato, a sabotagem, a destruição de bens públicos e privados, os assaltos com recurso a armas de fogo, retornaram. Talvez, com uma ou duas inovações. Como seja o assassinato de agentes da Polícia e a prova da inutilidade, da ineficiência e da ineficácia das empresas de segurança privada. Perante a realidades dos últimos assaltos a instituições privadas, perante os últimos actos de violência criminal, parece necessário fazer alguma reflexão. Profunda. Pelo menos, assim o aconselho o bom senso. E, mais, tornar público o resultado dessa reflexão. Impõe-se, sobretudo, que haja a coragem para se dizer, antes de Dezembro próximo, se o que está a acontecer são simples actos de pura ladroagem. Se são meros actos de criminosos internos. Ou se não. Se pelo contrário, estamos perante acções ou operações concertadas com apoio externo. Com o objectivo de criar uma situação de desgoverno. Moçambique, os moçambicanos, tem suficiente capacidade para uma análise do que se está a passar. Do que está a acontecer. Independentemente de opções partidárias. Em última análise, para evitar mais pressões e intervenções externas.