domingo, março 02, 2008

fica o alerta e o aviso

Na passada quarta-feira, a RTP abriu o seu serviço informativo das 13 horas (15 horas em Maputo) com uma notícia que dava como quase inevitável o aumento do preço do pão em Portugal. Cerca de quatro horas antes, já o jornal “Público” escrevia, na sua edição electrónica, que o “Preço do trigo atingiu ontem um novo recorde nos 12 dólares por alqueire”. E, titulava: Indústria diz que para sobreviver precisa de aumentar 50 por cento o preço do pão. A notícia do referido diário começa assim: Confirmando previsões, o preço do trigo continua a subir, tendo atingido um novo recorde nos últimos dias – 12 dólares ((7,96 euros) por alqueire. A retracção na oferta e baixas reservas explicam esta subida nas bolsas. Depois de explicar a situação em Portugal, acrescenta: Esta última subida foi impulsionada pelo anúncio feito pelo Cazaquistão – um importante fornecedor a nível mundial – de que iria impor tarifas de exportação aos seus cereais. A medida destina-se a controlar a inflação interna e já tinha sido também posta em prática na Rússia e na Argentina. Depois, cita afirmações de um funcionário da FAO, em Lisboa, segundo o qual os stocks de trigo em 2008 estão a caminhar para um mínimo de 30 anos e, no caso dos EUA, vai ser atingido o nível mais baixo dos últimos 60 anos. O jornal aponta outros factores que estão a influir no aumento preço do trigo e escreve que O Iraque e a Turquia já anunciaram que são compradores para garantir as suas reservas e a China sofreu problemas nas suas culturas, pelo que irá pressionar mais a procura, dá conta o “Financial Times”. Depois de analisar os reflexos do aumento do preço do trigo em Portugal, o “Público” termina: A subida do preço dos cereais está a reflectir-se em todos os produtos alimentares. Esta inflação está a condicionar os bancos centrais, que estão a evitar mexer nas taxas de juro para estimular a economia.


Por ocasião do anúncio do aumento do preço dos transportes semi – colectivos, foi também anunciado um aumento do preço do pão. Agora já estamos a falar de Moçambique. Entenda-se. Aconteceu que, depois os distúrbios registados no dia 5 de Fevereiro, houve quem veio a público dizer que não. Que não estava previsto nenhum aumento do preço do pão. Porém, a realidade confirma o contrário. Padarias houve que aumentaram o preço do produto na ordem dos dez por cento. Pode parecer, talvez seja, um aumento sem grande significado para o consumidor. No concreto, terá havido um recuo estratégico. Porque, querendo ser-se realista e tendo em conta a realidade mundial, o aumento do preço do pão, ao consumidor, em Moçambique é inevitável. A menos que sejam encontradas formas de subsidiar as moageiras ou os panificadores. E, este não é um cenário de longo prazo. É o cenário do médio e do curto prazos. Sequer se compadece com o tempo necessário para activar alternativas ao trigo ou da procura de terras onde possa ser produzido. A questão do pão, em Moçambique, tem de ser colocada e vista de forma clara. Sem tabus. De frente. E, no imediato. Para que amanhã ninguém venha, de novo, voltar a dizer que não sabia. Que não havia sido avisado nem alertado. Por isso, fica o alerta e o aviso.