domingo, fevereiro 01, 2009

pagar para falar ou pagar para ficar calado

Começou já o processo de tomada de posse dos vencedores das últimas eleições autárquicas. No dia em que tal aconteceu, o presidente da RENAMO encontrava-se em Nacala. Em campanha de mobilização no único município onde poderá obter uma e a única vitória municipal. É que em Nacala haverá segunda volta eleitoral. Anteriormente, ele havia defendido que todos os candidatos derrotados do seu partido deveriam tomar posse ao mesmo tempo que os presidentes eleitos. O que, em primeira análise, constitui uma aberração. Uma monstruosidade. Um disparate. Em segunda, uma tal tomada de posse, a acontecer, não teria qualquer base legal. E, antes, nenhuma legitimidade. Digamos não ser mais do que um arremedo de política. Do que política do pontapé, de política do bota abaixo. Se assim o entendeu ou não, Eduardo Namburete, candidato à presidência da cidade de Maputo, veio a público (Notícias de 27.01.09 – pag. 3) dizer que será contra-senso tomar posse ao mesmo tempo que o presidente eleito. Acrescenta o matutino que, Assim, Eduardo Namburete poderá desobedecer o presidente do seu partido que revela pela segunda vez o empossamento paralelo dos “seus presidentes”.. Pode e deve recordar-se que o presidente da RENAMO fez questão de apresentar, publica e pessoalmente, o candidato do seu partido à presidência de Maputo. Também se deve dizer, que o putativo “pai da democracia” parece estar a ser pago. Uma vezes para ficar calado, outras para falar. Sendo que, quando não fala tem a seu favor a grande vantagem de não dizer disparates. Muito embora, e isso parece universal, quando se é líder, mesmo que não por mérito próprio mas por imposição externa, seja necessário, de quando em vez, falar. Sendo que, este falar ou falar disparatado possa implicar ter de vir a engolir alguns sapos vivos. Assim o exige quem paga. Quem está, calmamente, sentado na plateia a assistir ao filme. Um filme produzido no estrangeiro e que tem como actores marionetas moçambicanos.


Ao invés do que se passa com muitos e diversos produtos, que estão a merecer certificado de origem nacional, a RENAMO não o poderá merecer. A história assim o diz. Ela, tendo como base matéria prima nacional, foi criada a objectivada para servir interesses estrangeiros. Políticos e económicos. Primeiro, da Rodésia do Sul. Depois, da África do Sul racista. Por fim, de um Portugal à deriva. Quimérico e sebastianista, saudosista. De um Portugal que já não tinha caravelas para regressar carregadas de especiarias das Índias nem de madeiras, de ouro, de marfins e de aves raras de África. Mas, de um Portugal convicto de que, através da criação de dissidências internas, entre as elites internas, poderia permanecer. Continuar a dominar. Daí, o ter criado um novo mito. Numa tentativa de substituição de o desejado. Mas, Afonso, o nosso, o nativo, não é sinónimo de Sebastião. Nem a ele se pode comparar. Disso nos dá conta um general, reformado, da secreta militar portuguesa. Em livro com centenas de páginas. Um livro que vale a pena ler. E de cuja leitura se pode concluir que o Afonso foi um aposta errada. Ou que não. Que pode ser a quem se pode pagar para falar ou pagar para ficar calado.