domingo, maio 30, 2010

Por morrer uma andorinha, não se acaba a Primavera

A morte, ou, talvez melhor, as circunstâncias e o local da morte de Agostinho Chaúque, classificado como perigosos cadastrado, promete polémica. Aliás, já iniciada. Neste momento, várias são as versões vindas a público. Muitas as dúvidas levantadas. A que se podem vir a juntar muitas outras mais. Ao certo, de concreto, parece não levantar dúvidas três questões. Apenas três questões. Ou, três factos. O primeiro, de que foi morto a tiro. O segundo, que o seu corpo foi encontrado, sem vida, algures na cidade da Matola, no interior de uma viatura abandonada. O terceiro, que os seus restos mortais foram a enterrar no Cemitério de Lhanguene. Mas, e esta parece ser questão de fundo, até se chegar aqui fica muito por esclarecer. Há muitos vazios. Há muito espaço vazio, não preenchido. Por nada nem por coisa nenhuma. Trata-se, contudo, de um espaço e de um tempo onde, inevitavelmente, algo aconteceu. Ou, muito aconteceu. A avaliar pelo que tem vindo a ser dito e escrito. Também questionado. E, convenhamos, com toda a lógica. É que enquanto não se esclarecer, de forma convincente, o que sucedeu no espaço de tempo que existiu entre uma cena de tiros, na zona do Jardim dos Professores, e o encontrar do corpo, sem vida, fica um mistério. E, muito por hipótese, o decifrar de um enigma. Até aqui, nada permite compreender como agentes policiais, que disparam sobre membros de uma quadrilha de assaltantes de viaturas, permitam a sua fuga. E que tenham tempo de fazer transportar consigo um dos alvejados. Cabe aos criminologistas esclarecer.


A morte de Agostinho Chaúque, mereceu destaque de primeira página no jornal “Notícias” (edição de 25 do corrente). Titula o matutino, Agostinho Chaúque encontrado morto. E, inicia o texto escrevendo que o Considerado perigoso cadastrado Agostinho Chaúque foi na noite do último domingo encontrado morto no interior de uma viatura, abandonada na cidade da Matola. E, depois de descrever as circunstâncias e o local onde terá sido baleado, acrescenta a versão policial. Para o jornal “Zambeze”, a morte do cadastrado terá sido um golpe de sorte e não o resultado de uma “Operação Planificada” da Polícia. Já, por si, o “Magazine Independente” interroga se a Morte de Agostinho Chaúque significa fim do crime violento ou alívio para polícia?. A resposta à questão colocada por este semanário, não pode ser uma resposta acabada. Melhor dizendo, não existe. Faz parte do devir e virá com o tempo. Virá depois de esclarecidas, em primeiro lugar, as circunstâncias do tiroteio e do transporte do baleado até à cidade da Matola. E, depois, se o tal perigoso cadastrado era, de facto, o celebro de uma quadrilha, ou não. Por hipótese de investigação, poderia ser apenas um simples executante. A mão ou o braço comandado por um outro cérebro. Seja qual venha a ser a resposta, parece oportuno recordar o que disse o poeta: Por morrer uma andorinha, não se acaba a Primavera.