domingo, maio 23, 2010

Presença e visibilidade da Polícia nas estradas

Como todos sabemos, os números são assustadores. Referimo-nos aos números de acidentes de viação e de mortos nas nossas estradas. Segundo o jornal “Notícias” (edição de 20 do mês corrente), mais de 1800 pessoas perderam a vida, durante ao ano de 2009, em acidentes rodoviários. Escreve o matutino que Moçambique perde anualmente cerca de 80 milhões de dólares norte-americanos, em consequência de acidentes de viação, valor que no mesmo período serviria para a compra de medicamentos, vacinas, reagentes e testes para análises laboratoriais, radiografias, consumíveis como seringas, agulhas, cateteres, sondas nasogástricas, entre outros. Estes dados foram revelados na véspera (dia 19), pelo Primeiro-Ministro. No Parlamento e em resposta a questões colocadas pelos deputados. Mais terá dito o governante, que em 2008 morreram morrerem nas estradas 1529 pessoas. Logo, terá havido, entre 2008 e 2009, um agravamento de cerca de 20 por cento. Os deputados foram, também, informados que, para minimizar a situação, o Governo adoptou dois planos, sendo o primeiro denominado “viaje seguro”, que foi implementado de Maio de 2009 a Maio deste ano, cujo objectivo principal era sensibilizar os utentes das vias públicas para a obediência das regras de trânsito a acções enérgicas contra os prevaricadores. O segundo plano, com o nome de “Plano Velocidade”, a vigorar desde 16 do corrente mês a 16 de Agosto de 2010, tem como objectivo a fiscalização do trânsito rodoviário com enfoque na velocidade e o teste de álcool nos condutores. Parece importante dizer, desde já, que em termos de planos nada poderá haver mais perfeito. Mas, também e assim, que importa confrontar os planos com a realidade.


Com todo o respeito pelas palavras e pela opinião do Primeiro-Ministro, importa deixar claro que o país não pode viver e ser governado com base em planos. Planos que, conforme a constatação feita perante os deputados, em nada contribuíram para atenuar ou resolver o problema. Pelo contrário. Pelo contrário. Registaram-se mais mortes nas estradas em consequência de maior número de acidentes de viação. Logo, conclusão lógica, ou os planos foram mal elaborados ou não foram devidamente executados. Talvez ambas as coisas. Aos agentes da Polícia e à Polícia como corporação, não se pedem campanhas. Exige-se uma presença e uma acção permanentes. A falta de meios para actuar volta a ser um falso problema. Uma simples desculpa. Talvez seja necessário enfrentar o problema da sinistralidade nas estradas com novas e diferentes perspectivas. A começar pela reciclagem e moralização dos agentes de trânsito. Passando pela eliminação dos chamados “cinzentinhos” do controlo da circulação automóvel. Acabando, definitivamente, com a prática, usual e corriqueira, de agentes que fazem emboscadas escondidos debaixo de árvores. E que se fazem transportar em viaturas com matrícula civil. Ou, em muitos casos, sem chapa de matrícula. Os agentes da polícia, no cumprimento da sua missão, devem ter visibilidade. Devem assumir que estão a cumprir um dever. O seu dever. É facto que, sobre acidentes rodoviários, muito mais é possível acrescentar. Desde a desastrada e desastrosa sinalização vertical na EN1, até aos buracos e às crateras já existentes nesta via, recentemente reabilitada. Fruto de desleixo, de deficiente fiscalização do dono da obra. Por hipótese, a não excluir, de corrupção. Inverter a actual situação da sinistralidade automóvel, não se resolve com planos de gabinete. Que ninguém conhece. Exige presença e visibilidade da Polícia nas estradas.