domingo, setembro 12, 2010

É possível ir mais além

Pertencem já ao passado, em boa lógica, as manifestações populares de 1 e 2 do corrente mês. A questão que a muitos se coloca, é a de saber se poderiam ter sido evitadas. Pode ser que sim, como pode ser que não. O mais provável é que não se consiga encontrar uma resposta conclusiva e unânime. Definitiva. Que não consigamos sair do campo das hipóteses. Das especulações e das opiniões pessoais. Parece, porém, que aspecto a não perder de vista é o de antes e aquando do anúncio dos aumentos de preço de produtos e serviços terem sido feitos vários apelos. A diferentes níveis. Com a tónica na necessidade do aumento da produção e da produtividade. Um aspecto que, certamente, merece concordância. Mas que é, será, apenas um ponto de partida. Por várias razões. Uma, é que produzir mais implica haver mais condições para produzir, mais condições para se poder trabalhar. Sendo que ter trabalho não significa, obrigatoriamente, ter emprego. Que é um bem cada vez mais caro. E raro. Outra razão, é a de que o aumento da produtividade não é um processo pacífico. Quando visto e entendido à luz dos princípios definidos por Taylor. Que por aqui se instituíram como bíblia logo após a independência nacional. Há, por fim, um outro aspecto a não se perder de vista. Que vai para além do que se possa produzir na globalidade. Do que se possa produzir no mesmo tempo e no mesmo espaço e com a mesma quantidade de matérias. Trata-se da questão da distribuição. Digamos que implica uma distribuição mais justa e equitativa da riqueza produzida. Implica a definição de uma nova política de justiça social.



Parece já existirem alguns sinais neste sentido. Isto, a avaliar pelas medidas anunciadas, publicamente, pelo governo. Como é o caso da suspensão de aumentos anunciados. E da contenção de despesas públicas. A começar pelas despesas com o funcionalismo. Com os funcionários. Muitos dos quais estão habituados a gastar quanto querem em combustíveis, energia, telefones. E, por aí em diante. Sem qualquer tipo de controlo ou de apresentação de justificativos. Situação que se estende por dirigentes de empresas públicas ou comparticipadas pelo Estado. Que se estende quando não se amplia. Neste contesto, da redução das despesas públicas, parece ser possível ir mais longe. Começando pela diminuição do número de reuniões que cada ministério realiza em hotéis de luxo. Um pouco por todo o país. Com elevado número de participantes. Com excessiva duração de tempo e cujas conclusões têm poucos ou nenhuns efeitos práticos. Na melhoria das condições de vida dos cidadãos. Em termos de redução das despesas públicas, em termos de redução do despesismo, os primeiros passos são animadores. Mas, é possível ir mais além.