domingo, janeiro 09, 2011

Levante o braço

O novo, o ano de 2011, parece ter começado sob um signo diferente. Pouco habitual. Pelo menos a nível da cidade de Maputo. Trata-se do signo da bicha. Da longa fila de espera junto das mais diversas instituições que prestam serviços ao cidadão. Por exemplo, obter o Bilhete de Identidade obriga, desde há meses, a permanecer em longas filas de espera. Bem visíveis a partir das 6 horas da manhã de todos os dias. O mesmo cenário repete-se para a troca da carta de condução. Aqui, muitas das vezes, em vez de fila de espera pode ver-se uma multidão. Aparentemente algo desordenada e com largas dezenas de metros de extensão. Quanto aos pais que procuram obter cédulas de nascimento para efeitos de matrícula escolar dos seus filhos são, igualmente, obrigados a passar pela situação de longa espera. Também no presente ano, o Conselho Municipal da Cidade de Maputo está a surpreender. Pela negativa. Pagar o Imposto sobre viaturas, obriga a uma longa espera. Afinal, o pagamento até pode ser feito em outros e diferentes locais. O processo está descentralizado. Existem mais cinco locais de pagamento para além da tesouraria municipal. Só que esses locais não são conhecidos do público. Por não ter sido devida e amplamente divulgada a sua localização. No que se refere ao pagamento do Imposto Predial Autárquico, a situação apresenta-se como bem pior. Simplesmente não está, ainda, a ser cobrado. Motivo: As instalações onde deveria proceder-se ao respectivo pagamento, estão em obras. Por incrível que pareça, houve quem decidiu que a cobrança deste imposto só terá início no mês de Fevereiro. Mas para se obter esta informação, para se saber do que fica dito, só mesmo indo ao local. Aí, pode ouvir-se o barulho de martelos e picaretas usadas pelos operários. E ler a informação colocada na porta, segundo a qual os impostos são pagos no primeiro andar. Algum, como já foi dito. Em termos de conclusão, dizer que há, no mínimo, um grande défice de comunicação. Entre quem dirige e entre quem é dirigido. Entre quem manda e quem deve obedecer.


Parece ser de cair na tentação de tentar comparar a forma como são geridos e executados todos estes processos e um outro. E, esse outro é o processo de recenseamento eleitoral. Ou, no plural, os processos eleitorais. Muito provavelmente, não poderá ser feita comparação nenhuma por não serem comparáveis. Agora, o que parece possível, o que é desejável, é que aqueles que sabem pouco procurem aprender dos que sabem mais. Que tenham a humildade de querer saber e de quer aprender. Cá entre nós. Talvez através deste processo de transmissão de conhecimento, de nacional para nacional, possam ser eliminados muitos desperdícios de tempo. Grande parte do tempo que milhares, dezenas de milhar, centenas de milhar de moçambicanos, por todo o país, passam em filas de espera para serem atendidos. Em diferentes serviços públicos. Sem motivo justificado. Sem justificação. Convenhamos, a terminar, não ser com tão elevado número de horas retiradas do trabalho, para conseguir um qualquer documento, que se irá conseguir aumentar a produção e a produtividade. Muito menos combater a pobreza. Não é. Apetece dizer, quem está contra que levante o braço.