domingo, maio 08, 2011

Belzebu está a rir-se

A circulação automóvel na cidade de Maputo, começa a ser caótica. Já vai muito para além de difícil e de complicada. Principalmente nas chamadas “horas de ponta”. Não só no interior ou no centro da capital. Mas, também, em todas a zona territorial e nas vias que lhe dão acesso. De tal forma, de tal maneira, que promete deixar muitos condutores à beira de um ataque de nervos. A principal causa da situação actual, parece ter como origem o rápido aumento do número de viaturas em circulação. Mas, não será a única. Haverá outras. De origem humana. Resultantes de comportamentos humanos errados e em clara violação de leis e de regulamentos. E, perante estas, são inglórias e condenadas ao fracasso todas as medidas tomadas e postas em prática pelas autoridades municipais. Muito embora, algumas delas possam ser consideradas de duvidosa eficácia. Entre as quais estão as da circulação em sentido único em diversas artérias. Ora, atenhamo-nos no que respeita a comportamentos humanos errados. Que acontecem muitas vezes. Todos os dias. E, o que acontece todos os dias é, em artérias com espaço para circulação de uma viatura em cada sentido, haver quem tente uma terceira via. Logo, encrava a circulação nos dois sentidos possíveis. Frequente é, também, que em frente de escolinhas ou de creches a circulação fique interrompida por largos minutos. Quando e sempre que qualquer pai ou mãe decide parar para deixar sair a sua criança. Frequente, também, demasiado frequente, são as situações que se podem verificar em frente de estabelecimentos hoteleiros, padarias, pastelarias, cafés. Sempre que qualquer senhor ou senhora decida comprar pão, bolos ou tomar café. Na falta de local próximo para estacionar, ou por simples preguiça para o procurar mais além, opta por abandonar a viatura mesmo em frente à porta do estabelecimento em que pretende ir. O resultado é uma das vias ficar fechada. E obrigar todos os condutores que por ali circulam, no mesmo sentido, a desnecessárias manobras para evitarem o obstáculo artificial. Criado artificialmente por comportamento humano errado. Como se o facto de a viatura ter os chamados “amarelos” concedesse direito a tamanha arrogância.


A actuação das Polícias de Trânsito e Municipal, em situações como as descritas, são pouco visíveis. Não são visíveis. Menos ainda, o serão eficazes. Nem uma nem outra colocam seus agentes para regular o trânsito em horas e em locais de congestionamento. A menos que esteja programada a passagem de um dirigente. Então, sim. Aí, os agentes de trânsito surgem como cogumelos. Em tempo de chuva. Despejados por diferentes viaturas. Em determinado momento, colocam-se no centro de um cruzamento. Vai daí, actuam como donos e senhores do mundo. Seja, da cidade. Apitam, apitam, apitam, até se lhes acabar o fôlego. Ou, por hipótese, o apito ficar silenciado por excessiva quantidade de saliva do seu interior. Também e talvez por cansaço de quem foi confiada a nobre missão de apitar. À aproximação e à passagem de. Quanto aos outros, quanto à rapaziada e à mulherada dos municipais, a sua actuação parece ter mudado de estratégia. Os seus alvos preferidos passaram a ser outros. Deixaram de ser as mamãs que vendem fruta e legumes em passeios. A quem apreendiam todos os produtos em proveito próprio. Deixaram de ser também os “chapeiros”. Grande parte dos quais, como todos sabemos, são ilegais. Não possuem documentos legais de posse das viaturas que conduzem. Nem documentos que os habilitem a conduzirem. E que, por isso mesmo, ficam sujeitos ao pagamento do “dízimo”. Ora, esgotadas todas estas formas de complementar o salário legal, os e as municipais, sempre engenhosos, sempre criativos, sempre inventivos, mais descobriram. E, o que descobriram foi, exactamente, aquilo a que os brasileiros, em tempos modernos, definiram como achamento. Em substituição de descobrimento. Acharam, eles e elas, os ditos cujos municipais, que havia acabado o tempo e o espaço dos vendedores de jornais nas esquinas na capital do país. Dos ardinas. Profissão nobre, respeitada e temida durante o fascismo. Controlada. Nem Hitler, nem Mussolini, nem Estaline, nem Salazar ousaram ir tão longe. Para controlar a divulgação e a circulação de informação. Com este achamento como forma de reprimir a circulação de informação, uma coisa parece certa. Belzebu está a rir-se.