domingo, junho 17, 2012

Eles comem tudo e não deixam nada

O Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), parece continuar a navegar num mar de escândalos. Financeiros. Ao que parece, ao que tudo indica, o INSS é um oásis de despesismo. Num terreno, num território de pobreza absoluta. Mas também de negócios menos claros. Para não ter de dizer negócios escuros. Onde já de nada valem os chamados concursos públicos. De tal forma que a Ministra do Trabalho se viu na necessidade de reunir com os concorrentes de um concurso gráfico “para lhes pedir desculpas pela anulação do concurso (jornal “O Pais”, edição de 14 do corrente, página 2). Segundo o mesmo matutino editado em Maputo, “Hoje (quinta-feira), Helena Taipo reúne com o Conselho de Administração e com a direcção-geral para perceber os contornos destas negociatas dadas a conhecer, em exclusivo, pelo nosso jornal”. Esperamos e desejamos que tenha sido uma reunião conclusiva. É que essas “negociatas” vão muito para além da aquisição de material gráfico. Segundo é público, começaram com a aquisição de uma casa para o PCA do INSS e vão agora na “(...) reabilitação da casa da sua directora-geral”, que custou aos reformados deste país mais de sete milhões de meticais. Ou seja, o “mesmo que o Governo dá a cada um dos 129 distritos do país para promover a produção de comida e criação de emprego”. Resumindo as contas “(...) no início deste ano, o INSS estava a pagar pouco mais 28 milhões de meticais por uma casa do PCA; 7,6 milhões pela reabilitação da casa da sua directora-geral; 25 milhões pelo concurso de material gráfico.”. Como se pode verificar, trata-se de muito dinheiro. E, de uma forma indesmentível, de um caso de gestão danosa. Esperamos, com alguma ansiedade, para ver como irá ser feita a moralização do Estado nesta área. E se irá, ou não, haver punições. Matéria para isso parece não faltar. O dinheiro gasto, ou mandado gastar em benefício próprio destes senhores e destas senhoras, não é dinheiro do Estado. É dinheiro dos contribuintes para a Segurança Social. Ao longo de décadas. Ao longo de uma vida de trabalho. É dinheiro nosso, dos reformados. Que confiámos em que o INSS seria uma instituição séria. E que saberia rentabilizar os nossos descontos, através de uma correcta aplicação do capital, para nos garantir uma actualização das nossas reformas. Mas não é isso que está a acontecer. Em termos de actualização de reformas, nada é claro. Tudo não passa de jogadas de bastidores, de jogadas feitas por debaixo da mesa. A questão pode e deve ser colocada de forma clara e simples: Pelo que estamos a assistir, há dinheiro para pagar injustificadas mordomias a gestores que nada querem ver para além do seu umbigo. Mas, não há dinheiro para actualizar reformas ao nível da inflação oficial do ano anterior. Para nós, reformados, ficam, todos os anos meia dúzia de quinhentas furadas. E tal não acontece, comprovadamente, por falta de dinheiro. Acontece por má gestão e por corrupção. Reconheçamos que, à Ministra do Trabalho cabe, neste processo, um papel delicado. O de saber varrer a casa que lhe foi dada a habitar. Desde que esteja convencida que os votos dos corruptos e dos ladrões que coabitam com sigo não são suficientes para ganhar as próximas eleições. Única forma de garantir a sua permanência no poder. Até lá, esperamos para ver. E, concedendo o benefício da dúvida, em termos de meditação, parafraseamos o poeta quando diz que eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada.