domingo, junho 03, 2012

Vidas humanas a que alguns parecem atribuir valor nenhum

Os números são preocupantes. Mais. São alarmantes. Aludimos aos números de mortos provocados por acidentes de viação. Em todo o território nacional. Em cada semana, em cada mês, em cada ano. Sob o título “Excesso de velocidade na origem dos sinistros”, o “Notícias” (edição de 30 de Maio, página 5) escreve: “Apesar do esforço que a Polícia tem e empreender com vista a reduzir as mortes por sinistros no país, o excesso de velocidade e a condução em estado de embriagues continuam a ser as causas dos acidentes no país”. E, justifica: “Só na semana passada, pelo menos 34 pessoas morreram e outras 84 contraíram ferimentos como resultado de 59 acidentes de viação registados nas estradas de todo o país.”. Segundo informador policial, “os atropelamentos lideram os casos registados com 40, seguido de choques entre carros despiste, ambos com oito, o choque carro - moto com quatro casos e 2 embates contra obstáculos fixos”. Ficámos, também a saber que no que “Tange às medidas de educação pública e combate aos acidentes de viação a Polícia fiscalizou pelo menos 20 mil viaturas que culminou com a apreensão de mais de uma centena por diversas irregularidades, para além da imposição de multas e detenções”. Para além de todas as atenuantes que se possam apresentar, os números falam por si. E, se são verdadeiros – e acreditamos que sim – merecem breve comentário. No sentido de se tentar alterar as realidades que nos transmitem. Vejamos. Como parece, e se o que parece é, o número de vidas que se perdem em acidentes rodoviários não podem deixar indiferente o cidadão comum. E consciente das suas responsabilidades como tal. Como cidadão consciente, repita-se. Daí, o direito a interrogar para tentar perceber o que se está a passar na realidade. Para perceber o motivo pelo qual o elevado número de mortos nas estradas do país é uma constante. Não baixa. Em cada semana que passa, mês após mês. Pesem e tenha-se em atenção os esforços que possam estar a ser feitos para inverter a situação, pelas diferentes autoridades competentes, os resultados parecem ser nulos ou de nenhum efeito. Se existem, não são visíveis. Tanto em termos de inversão de números como de práticas operativas. O que pode indiciar que algo está errado. Que aquilo que se pensa ser correcto não o será tanto. Pelo que se apresenta como necessário e como urgente corrigir métodos de actuação. De concreto, o que parece poder afirmar-se sem margem para erro é que estamos perante uma calamidade nacional. Que o número de mortes nas estradas nacionais não está a diminuir como é desejável que aconteça. A realidade actual parece aconselhar a necessidade de ser desenvolvida uma ampla campanha de educação e de sensibilização dos automobilistas, a nível de todo o país. Se necessário, e certamente que também, de repressão. Agora, pelo que estamos a assistir e a verificar, é que as chamadas autoridades competentes não estão capacitadas e não são competentes para desencadear uma operação de tamanha envergadura. E de a manter em prática pelo tempo necessário para que os resultados sejam visíveis. Quando assim e por o número de mortes das estradas ser um problema nacional, parece útil pensar diferente. E sugerir que o Primeiro-Ministro ou, em última instância, o próprio Presidente da República, venham a público assumir, pessoalmente, a direcção desse combate. Desse combate que é necessário desencadear e dirigir para reduzir o número de mortes, inglórias, nas estradas nacionais. Até porque, ao contrário do que tem vindo a ser propalado, essas mortes são mais do que números. De meras estatísticas. São vidas humanas a que alguns parecem atribuir valor nenhum.