domingo, maio 19, 2013

Tapar o Sol com uma peneira

A Empresa Municipal de Transportes Públicos de Maputo (EMTPM) continua sem conseguir encontrar solução para a crise de transporte que desde há anos afecta os citadinos. Hoje, o problema de fundo parece já não ser a falta de viaturas. Estas existem. E em número mais do que suficiente paras as necessidades. O problema de fundo parece ser, é apresentado como sendo o da sua manutenção. Quando não mas muito por hipótese, a falta de capacidade de gestão de uma empresa com a dimensão e as especificidades dos ex-TPM. Vejamos. Na sua edição do passado dia 14 (página 3), o jornal “Notícias titulava que para minimizar a crise de transportes EMTPM recupera autocarros avariados. E, a abrir a local escrevia que Pelo menos 45 autocarros dos inúmeros paralisados na Empresa Municipal de Transportes Públicos de Maputo (EMTPM) serão recondicionados este ano com vista com vista a recuperar a frota da firma. Acrescenta a notícia que Com um universo de 353 machimbombos, a transportadora municipal coloca às primeiras horas de cada dia na estrada entre 110 e 130 unidades, algumas das quais invariavelmente recolhidas a meio da manhã para o hangar por várias razões, incluindo avarias. Mais esclarece o referido jornal, que esta informação foi avançada pela PCA da empresa, que também referiu as causas que levam à redução da vida útil das viaturas. De registar, igualmente, que O circuito de aquisição de peças e sobressalentes também dificulta a boa performance do sector, uma vez que só permite ter stock suficiente para uma semana, cenário que ainda este ano deverá evoluir para seis meses, de acordo com garantias da PCA. Naturalmente, as diferentes marcas e origens das viaturas, entre China, Índia e África do Sul, entre outras, também não ajudam neste processo de aquisição de peças sobressalente. A questão, aqui, é o do porquê desta diversidade de marcas. Naturalmente, por falta de conhecimentos ou de má gestão de administrações anteriores. O mesmo jornal, dois dias depois (16 do corrente), voltava ao tema para se fazer eco da PCA da referida empresa. E titulava que Transporte urbano exige parceria público-privada. Abre a local com a afirmação de que A Empresa Municipal de Transportes Públicos de Maputo (EMTPM) assume estar longe de responder à demanda no sector e defende que só a parceria com o sector privado pode salvar a população do sofrimento que passa a população nas paragens. A mesma notícia ainda nos informa que para referida PCA, a solução da crise de transportes que se assiste na cidade de Maputo, de modo particular e com tendência de agravamento de ano para ano, não deve ser procurada apenas na EMTPM, mas num sistema integrado de transportes que junte os sectores público e privado. Quer isto, se bem que entendemos o que foi escrito, que a transportadora municipal tenta, agora, dividir a solução de um problema que não consegue resolver, por si só, com os privados. Se eles aceitam ou não a proposta, o problema é deles. Que as duas partes se entendam. O que temos de concreto, de indesmentível, é que gerir uma empresa de transportes públicos urbanos, numa cidade como a de Maputo, não será fácil. E não será exactamente como gerir uma empresa de fabrico de têxteis, de óleo alimentar ou de pneus. Entre outros géneros. E, o primeiro aspecto a ter em conta é que uma empresa do género de transportes públicos não é nem pode ser lucrativa. É, à partida, deficitária. Ela presta um serviço social cujo custo deve e tem de ser suportado pelo Estado. Naturalmente, tal não invalida a necessidade de uma gestão eficaz, eficiente e competente. Para além disto, nada mais do que a utopia. Ou a tentativa de tapar o Sol com uma peneira.