domingo, maio 05, 2013

Quem cala consente

Ouvi e li, que o Dia Internacional do Trabalhador, em Moçambique, iria decorrer sob o lema de protecção social. Titulava o “Notícias”, edição do dia 1 de Maio, primeira página, que Diálogo é fundamental para harmonia laboral. E escrevia, a determinado espaço que Para este ano, o movimento sindical escolheu a protecção social como tópico principal da celebração, numa alusão ao desejo de ver adoptadas no país, políticas e estratégias de desenvolvimento de um sistema de segurança social que corresponda aos anseios dos trabalhadores. Ora, parece haver aqui uma contradição. Entre o que se afirma como fundamental e o que se pretende que seja lama. Talvez dificuldade de compreensão de quem lê. Por isso, aguardei para ver e ouvir. Pela televisão. De protecção social nada vi nem ouvi. Vi, sim, não sem alguma surpresa, desfilar uma delegação da Igreja Universal. Pareceu-me uma aberração. Fiquei numa dúvida, que mantenho, se terá sido uma infiltração ou se foi um engenhoso método de fazer publicidade paga. Até porque, neste país tudo se paga e nada se faz sem dinheiro. Por isso, por não ter percebido o que se passou, dei sem comentário. O mesmo jornal, dia 2, primeira página, alertavam no Primeiro de Maio que Faltam condições para diálogo efectivo. De facto, sobre as comemorações em Maputo, de protecção social havia nada. O tema era o diálogo. De facto, quem disse que sim, também pode dizer que não. Tem poder para tanto. Poderá ter sido o que aconteceu. Num país tão grande, tão extenso, a informação parece não circular à velocidade que era necessário circular. Talvez daí o facto de na Zambézia poder ter sido diferente. De ter sido entendida a primeira mensagem e não a segunda. É que, segundo o mesmo matutino (página 5) Gestão das pensões não agrada na Zambézia. Para o representante máximo da OTM na Zambézia, A gestão de pensões deve ser reformada com urgência, de forma a acomodar os interesses da massa laboral, que está na condição de pensionistas. Ainda segundo o mesmo dirigente sindical (...) as actuais pensões, bem como modelo da sua gestão em nada beneficia aos ex-trabalhadores, colocando-os permanentemente numa situação de “pedintes” eternos quando na verdade constitui um direito que consta na Lei do Trabalho. Quem assim se expressa, é claro. Não precisa de intérprete. Talvez esteja a chegar o momento, a hora, de a OTM central fazer uma análise interna profunda ao seu trabalho e aos seus métodos de funcionamento. Talvez venha a concluir que está ultrapassada. E que necessita de ser renovada. De se fazer injectar com sangue e com ideias novas. Para poder sobreviver. Nos tempos da Primeira República, existiram os Conselhos de Produção. Pai e mãe dos actuais sindicatos. Podem não ter passado de simples correias de transmissão, de braços, de extensos do partido no poder. Mas, terão funcionado, terão cumprido a sua missão à época e terão sido dirigidos por pessoas sérias e honestas. Hoje poderá não ser exactamente assim. A nível do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), são revelados publicamente escândalos financeiros. A nível da gestão e da administração. A OTM está representada, participa na gestão dos dinheiros descontados aos trabalhadores. Que, depois, ano após ano não, quando reformados, aguardam pelo aumento das suas reformas. A questão está em saber o que faz a OTM em favor dos reformados. Ao que parece nada. Ou seja, quem cala consente.