domingo, dezembro 15, 2013

Passem todos bem

Há muitos anos dizia-se, cá entre nós, que a televisão era o espelho da vaidade dos dirigentes. Isto em referência à realidade de então na Guiné-Bissau. Mas, e ao que parece a moda de então deslocou-se depressa da costa para a contra - costa de África. E, hoje, aí a temos nós. Fresquinha. Acabada de chegar. Como hoje temos, também, um candidato e presidente municipal que promete aos seus eleitores um canal televisivo local. Titula o jornal “Notícias”, página 7 da sua edição do passado dia 12, que Frelimo quer canal televisivo para Nacala. Logo a seguir, o matutino de Maputo escreve que O candidato da Frelimo à presidência do município de Nacala-Porto, Rui Chong Saw prometeu que caso seja eleito para ocupar aquele cargo nas eleições de 20 de Novembro corrente vai no seu mandato abrir um canal televisivo local que irá se ocupar de transmitir todas as informações que ocorrem naquela autarquia. Ao que lemos na mesma local, o bom do homem, qual santo milagreiro, diz mais: Nesta da praia vou institucionalizar um festival anual de música, onde irão actuar músicos dos EUA, Brasil, Angola, Portugal, para além de moçambicanos, onde os artistas locais vão poder desfilar ao lado de outros renomados internacionalmente, prometeu o jovem empresário. É caso para dizer, força jovem Ruca, como é popularmente conhecido (...). E, já agora, se perguntar não ofende, onde é que vai encaixar essa questão do canal televisivo para Nacala e o tal de festival anual de música no programa geral da Frelimo. Será que esta Frelimo, que lutou até conseguir a independência de Moçambique, apoia hoje pseudo-revolucionários no norte e conservadores no sul do país No meio de tudo isto, parece estar a haver algum oportunismo. Muito oportunismo e demasiados oportunistas. O que obriga a dizer, Abaixo os oportunistas. A primeira questão que deve ser colocada, chegados a este ponto, é se o tal de Ruça faz alguma ideia dos custos de um canal televisivo. Mesmo quando, simplesmente, local e para satisfazer a vaidade saloia de um dirigente local. Certamente não faz. Estamos a falar em termos de custos de equipamentos. Em termos de custos de operação. Em termos de custos de manutenção. E por aí em diante. Como, por exemplo, em termos de custos de hora de produção. Que são tão altos que a própria TVM já se rendeu à realidade do mercado. Por isso nos massacra com essas novelas mexicanas de pouca qualidade. E com esses programas chineses que têm nada a ver com a nossa realidade cultural. Mas esta é a nossa realidade. E, todos sabemos que quem tem um Chavana não pode ter tudo. Tem apenas um Chavana e nada mais. O mesmo é dizer que ter um pateta, um lambe-botas, sempre é melhor que ter dois. Ou três. Tem menos capacidade de incomodar. E menos tempo. Mas, a questão final que me permito colocar, é simples: Quais os benefícios para os residentes em Nacala sobre esse tal canal televisivo. Muito provavelmente poucos. Ou nenhuns. Se assim, passem todos bem.