domingo, setembro 02, 2007

Os desafios são muitos e constituem desafio à imaginação moçambicana

Reitores das Universidades públicas da Região Austral de África estiveram, esta semana, reunidos em Maputo. E terão definido o desenvolvimento da agricultura e o desenvolvimento das zonas rurais como uma das prioridades dos currículos de ensino e aprendizagem. A definição, em princípio e até prova em contrário, não poderia ter sido mais justa, mais clara, nem mais correcta. Mas, e parece ser essa a questão de fundo, não basta formar. Torna-se necessário levar os formados para o campo, para os distritos. Torna-se necessário que os formados em técnicas agrícolas, pecuárias, silvicultoras não sejam colocados em gabinetes nas cidades. E, em simultâneo que, quando colocados no campo, lhes sejam proporcionados meios de investigação. E, meios para que, os resultados desta, possam, efectivamente, beneficiar o camponês. A introdução da semente melhorada é, na generalidade, um primeiro e importante passo para o aumento da produção agrícola. Mas, não será o único nem o decisivo. Não menos importante, parece ser o trabalho que conduza à eliminação do uso da enxada de cabo curto. E á introdução de meios tecnológicos de produção agrícola mais modernos. Logo, que permitam ao camponês gastar menos energias na sua produção. De outra forma, produzir mais e melhor com o mesmo gasto de energia. Humana. Sem perder de vista que a proibição de sementes genéticas é condição essencial para eliminar o ciclo da perpetuação da pobreza. Como todos sabemos, a semente genética tem um único ciclo de vegetação. E o camponês a quem seja fornecida hoje semente genética, necessita de semente genética para produzir na próxima campanha. O mesmo é dizer que caiu no ciclo infernal de dependência das multinacionais. E que, no próximo ano, só poderá produzir com nova semente. Obrigatoriamente importada. Vinda do estrangeiro.


A produção de riqueza nacional, ou, dito de forma diferente e por oposição ao chamado combate à pobreza, pode ter de passar por estratégias diferentes. E, em definitivo, deve passar. Primeiro, parece necessário criar oposição à concepção fundamentalista dominante, imposta do exterior, sobre trabalho de menores, conservação da natureza e ecologia. E, incentivar o camponês a produzir a galinha, o pato, o coelho, o cabrito. Mas, também, e sem receio, a caçar a gazela, o chango, o cabrito bravo, a galinha do mato, o javali, o porco preto. Para melhoria da sua dieta alimentar e para a comercialização. Como fonte de rendimento. Da mesma forma, parece útil e necessário, fundamentalmente e sobretudo, garantir condições para a conservação da produção nacional e a sua transferência. Dos locais de produção para os centros de consumo. Quer no país, quer no estrangeiro. Os desafios são muitos e constituem desafio à imaginação moçambicana.