domingo, fevereiro 03, 2008

colocar disciplina nos transportes públicos

Ao que parece, o processo apresenta-se como irreversível. Isto é, o preço de custo de cada viagem de “chapa” passa a ser mais elevado. Por certo, perante a realidade que se apresenta, ninguém ousa negar o direito ao aumento. E a realidade actual é a de um significativo aumento do preço dos combustíveis. Logo, não parece difícil de entender que os proprietários das viaturas lutem por manter a sua margem de lucro. Ao que se sabe, nenhum deles é benemérito ao ponto de aceitar perder dinheiro no negócio. Como se sabe, de igual forma, que nenhum declarou falência ou abandonou a actividade por falta de lucros. Mas, a questão também tem de ser vista do plano oposto. Do plano dos transportados. E, daqui, deste lado, é necessário avaliar o impacto do aumento – seja em que percentagem seja – no orçamento doméstico de muitos milhares de famílias. No cerne da questão, fica o Governo com um papel ingrato. Porque sabe ser irrecusável um aumento. Porque sabe não poder interferir nos negócios privados para além de determinados limites. Mas porque sabe, também, ser limitada a capacidade financeira do cidadão comum para enfrentar o aumento. Este agravamento do seu custo de vida.


Ainda sobre esta questão dos “chapas”, afigura-se pertinente e actual colocar mais algumas questões. Ou, como diz o ditado, separar as águas. Ora, nesta actividade empresarial, há diversos tipos de intervenientes. Diversos tipos de interesses em conflito. Há empregadores e empregados. Há proprietários de frotas de viaturas. Há diferentes e diversas formas de exploração de cada viatura. Há diferentes formas de controlar o rendimento de cada viatura. E, ao Governo, não pode caber o papel único e exclusivo de acordar sobre a percentagem do aumento das tarifas. Exige-se mais. Exige-se muito mais. E este muito mais tem de ser traduzido em acções concretas. Em defesa dos utentes. Dos transportados. Tem de ser no sentido de punir os que aumentam as tarifas de forma unilateral. Tem de ser no sentido de punir os que encurtam as rotas. Tem de ser no sentido de verificar o estado mecânico das viaturas. Tem de ser no sentido de verificar se os motoristas possuem licença de condução. E, naturalmente, se as viaturas possuem registo. Se pagam os impostos devidos ao Estado. De resto, parece haver locais convencionados onde todos os “chapas” já sabem que devem parar. Dois deles, são na Avenida Eduardo Mondlane. Um, é depois do Ponto Final. O outro na zona do Hospital Central. Do resultado dessas apresentações de documentos, parece não haver notícia. Pelo menos públicas. Bem gostaríamos, muitos de nós, conhecer o conteúdo dos relatórios dessa actividade policial. Se é que, de facto, existem. Ao Governo exige-se mais do que discutir e aprovar as tarifas dos transportes públicos. Exige-se, para além de outras questões que faça um esforço para colocar disciplina nos transportes públicos.