domingo, abril 06, 2008

O que pode ser o caso

Ao que nos dão conta as notícias, a Guiné-Bissau é, hoje, um corredor de droga. E, a situação parece de tal forma grave que preocupa as Nações Unidas. Trata-se, ao que se diz, de um Estado criminalizado. De um Estado onde quem manda são os traficantes de drogas. Não, jamais, o Governo ou os seus funcionários. Daí resulta, também, o facto de ser considerado um país ingovernável. O que já terá levado a ONU a manifestar a sua disponibilidade em apoiar no inverter da situação. O que não terá sido dito, o que parece não ter sido dito com clareza suficiente, foi o que permitiu que se tenha chegado ao ponto a que se chegou. Se há, se existem cumplicidades internas. Por certo, deve de haver. O que não se sabe é onde começam e onde acabam. Se è que têm fim. Mas, Estados considerados ingovernáveis, há outros. E muitos. Alguns dos quais com quem Moçambique mantêm estreitas relações. Com os quais tem, até, alguma afinidades. Aqui, a situação desses Estados já não será por questões de droga, mas pela existência de petróleo. Acontecimentos recentes e repetidos, repetitivos, não permitem ignorar São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Onde o exercício do poder, onde o controlo do poder foge ao Soberano.

O território nacional moçambicano não está imune às acções dos traficantes de droga. Não está. Ainda há poucos dias, foi noticiada a detenção de uma mulher sul-africana. No Aeroporto Internacional de Maputo. Por transportar, no interior do seu corpo, 64 cápsulas de cocaína. Trazidas do Brasil. Esta notícia, esta notícia a que nos referimos, é, em muito, semelhante a notícias anteriores. Muitas. Quase cópia das anteriores. Assim, como nas anteriores, o detido é uma mulher, a droga vinha do Brasil, a forma de transporte eram cápsulas escondidas no interior do corpo. E os “pombos” ou, se se preferir, as “pombas” nada sabiam. Nada sabem do negócio. Nunca sabem, não sabem quem lhes entregou a droga no país banhado pelo Atlântico. E, sabem, não, a quem, se destinava o “produto”. Aqui. Segundo a versão da Polícia. A única tornada pública. Quer-se dizer, de verdade, as raparigas, as boas das raparigas, viajam do Brasil até Moçambique. Horas e horas de avião, com droga no estômago ou nos intestinos. Mas, aqui chegadas, seja a Maputo seja à Beira não sabem a quem deveriam entregar a droga. Mas sabem, por hipótese, que se tentassem comerciar a droga por conta própria seriam, de imediato, mortas. Ou alguém da sua família seria morto. Estudos e investigações sobre o tráfico de droga a nível internacional, provam, pelo menos demonstram um aspecto básico. Na sua lógica criminosa. Que quando descoberta uma forma de tráfico ou uma rota, a mesma é, imediatamente, abandonada. E que são ensaiadas alternativas. Também nos dizem os estudos que, quando os traficantes persistem em rotas e métodos já conhecidos, já descobertos, estão apenas a desviar atenções. A desviar as atenções de Polícias nacionais de métodos mais sofisticados, mais lucrativos e em maior escala. O que pode ser o caso.