domingo, setembro 14, 2008

um negócio ilegal

Temos e vivemos num país que tem tendência para esquecer. Para o esquecimento. Óbvio é, que país não tem aqui o significado de espaço geográfico. Nem de território. Vai para além destas duas e de possíveis outras mais definições. País, aqui, são gentes, pessoas, homens e mulheres. Que ocupam e habitam esse território. Esse espaço geográfico. Moçambique, portanto. Ora, quando se diz que são os homens e as mulheres, não significa que estejamos perante um dado absoluto. Que sejam todos os homens e todas as mulheres. Não. Serão apenas uma parte do todo. Uma parte de todos os homens e de todas as mulheres. Mas, o que parece importante, é tratar-se da parte do todo que não devia esquecer. Que parece ter por dever não esquecer. Mas que por motivos não conhecidos, não esclarecidos, tende em tentar conduzir-nos para ou ao esquecimento. A tentar apagar das nossas memórias individuais o que devia ser motivo de investigação e de esclarecimento. Público. Cabal e convincente. Como já deve ter sido entendido, estamos a falar de casos recentes. Oficiais e públicos. Primeiro, dos jovens trazidos do norte para o sul do país. Transportados em condições desumanas. Para estudarem, cá no Sul. Depois, das jovens que uma tal de Diana fez transportar desde a Praia da Costa do Sol até à África do Sul. Onde terão sido internadas em bordéis. Por último, mas não necessariamente por fim, também nos foi dado a conhecer a situação de cerca de duas dezenas de jovens moçambicanos. Que viviam numa vivenda da cidade de Maputo. A expensas de cidadãos turcos. Que residiam ilegalmente em Moçambique. Que haviam entrado ilegalmente no país. Com naturais e indispensáveis cumplicidades locais. Ora, são todos estes casos recentes. Mas não esquecidos. E que, por questões de ética e de moral, importa não esquecer. Mas, também e sobretudo de soberania. E, de segurança do Estado.

Mais recentemente, foi noticiado que “Cinco menores terão sido raptados para a RAS” e que “Uma sexta criança conseguiu escapar de um mini-bus que as transportava” (Notícias de 10 do corrente). Neste, como em caso anterior, a denúncia dos raptos parte de uma das vítimas. Que terá conseguido escapar aos raptores. Segundo a versão da Polícia. Ao que parece, ao que se sabe, em nenhum dos casos terá havido investigação jornalística. Nem investigação independente. Para investigar este novo fenómeno. Que bem pode ter algo a ver a realização do Mundial de Futebol de 2010 na África do Sul. E que bem pode vir a transformar Moçambique num reservatório de prostitutas. Hoje, são suficientemente conhecidos os métodos e os processos pelos quais dezenas de crianças e de jovens oriundas de vários países, da América Latina, da Europa e de África entram em Espanha. Sobretudo raptadas na Nigéria e com recurso à feitiçaria, para as manter submissas. Recurso primeiro e último das mafias. O rapto de menores, de crianças, para os mais diversos fins, é, hoje um fenómeno universal. Um fenómeno que não pode ser tratado de forma ingénua. Por detrás do rapto de um criança, está sempre escondido um negócio, E, um negócio ilegal.