domingo, outubro 19, 2008

somos potenciais alvos dos criminosos

Com certa regularidade, a Polícia vem a público informar o que foi a actividade criminosa em determinado período de tempo. Ou num certo espaço geográfico. Quase, ou sempre, vem prestar essa informação em determinado ou certo dia da semana. Sempre à mesma hora e no mesmo local. Como acontece com as missas dominicais. A que os crentes assistem, um pouco por todo o país. Ou a que se obrigam a assistir. Porque querem e a isso os move a sua crença. Já em termos de informação policial, em termos de informação sobre a segurança a ordem públicas, as coisas deveriam ser diferentes. Deveríamos saber mais, muito mais do que aquilo que nos é dado saber. E, em tempo útil. Enquanto não, continuaremos a saber do assalto aqui, do roubo além, depois, muito depois de consumados. Em momento algum, que a memória recorde, terá havido notícia da antecipação da actividade policial. E que terá vindo a público dizer isso mesmo e aconselhar os cidadãos sobre a forma de se protegerem. De se precaverem de assaltantes e de ladrões. Fornecendo, inclusive, números de telefones para chamadas de emergência. Numa acção diária e concertada. Repetida. Através de jornais, de rádios, de televisões. Que é, que devia ser assim, ninguém o ignora. Se não é feito assim, talvez seja porque outros e diferentes interesses se levantam. Porque outras e mais altas vozes se fazem ouvir. Ou escutar. Ou são ouvidas.


Parece haver alguns tipos de crime em relação aos quais a Polícia está a evitar reportar. Divulgar dados, números e contornos. A chamar a atenção. A alertar o cidadão para que este se possa precaver e evitar ser vítima de bandos criminosos. Repito, de bandos de criminosos. Que estão e continuam a actuar, impunemente, na capital do país. Trata-se de casos que, não tendo sido divulgados publicamente, foram reportados à Polícia. Que aconteceram. E, acontecerem á relativamente bastante tempo, como estão a acontecer no presente. Como estão a repetir-se no presente. São os casos de indivíduos que, em certas zonas da cidade, se atiram contra viaturas em movimento. E que simulam terem sido atropelados. A partir daí, choram e clamam por socorro. Simulam fracturas múltiplas. Umas vezes nas pernas. Outras nos braços. Outros, contusões no tórax. Querem ser, todos eles, transportados até ao hospital na viatura que dizem os ter atropelado. Mas, não sós. Na companhia de amigo pedestre que, entretanto, chega local. Ou de amigo que, por “acaso” passava na sua viatura. Quando descoberto no Hospital, se aí consegue chegar, o vigarista ensaia a fuga. A Policia sabe que está a acontecer assim. Sabe e tem provas de vários casos protagonizados pelo mesmo indivíduo no espaço de poucos dias. Em diferentes pontos de Maputo. Sabe que um mesmo indivíduo simulou ter sido atropelado num espaço de poucos dias. Terá registos das ocorrências. Se fez alguma coisa para o neutralizar, será segredo policial. Como sempre acontece. Que fez coisa nenhuma para evitar possíveis novas vítimas, fez. Quer dizer, não fez. Mas, para além de não ter feito, como habitualmente não faz, ou faz mal, evitou alertar o cidadão para os novos processos utilizados pelos criminosos. Daqui resulta, em último, que todos nós somos potenciais alvos dos criminosos.