domingo, maio 17, 2009

uma investigação que pode demorar alguns anos

Entre nacionais e estrangeiros, são muitos os órgãos de Informação que têm estado a acompanhar a situação dos quatro estrangeiros detidos em Tete. Por, alegadamente, terem sido surpreendidos a deitar produtos químicos na Albufeira de Cahora Bassa. Explicam, como podem, os detidos, a composição do produto deitado na água e alegam que se destinava a dar “energias positivas” ao local. O produto em questão, segundo a versão corrente, será organite. Se assim, e segundo escreve a ANGOP, estamos perante uma invenção de Wilheim Reich, um cientista que nasceu em 1897 na actual Ucrânia, e que morreu nos Estados Unidos em1957. Hoje, tem os seus seguidores espalhados pelo mundo. Este cientista defendeu que há uma energia cósmica e que funciona como princípio orientador da natureza, determinando por exemplo o estado do tempo e até a formação de galáxias e que essa energia, o orgone, pode ser aproveitada, beneficiando o ambiente e o bem-estar das pessoas. Naturalmente, não se trata de uma opinião neutra nem pacífica. Há quem, com algum humor e sarcasmo, rebata as declarações de um dos detidos. Vejamos o que está escrito, por um português, em “Belfaghor”: (...) oiçamos o que diz este Carlos Silva, cidadão português, que está detido em Moçambique há 3 semanas por integrar o grupo que tentou sabotar a barragem de Cahora Bassa, com produtos químicos. Em defesa própria, Carlos Silva terá entretanto dito que o que foi despejado nas águas da barragem foi uma tal Organite... apenas organite, defende-se Carlos Silva. Sendo que a Organite é, ao que parece, uma mistura de resina de polyester e aparas de ferro, ao que consta utilizada normalmente para a construção de contentores de água e cascos de embarcações. Ainda segundo Carlos Silva, a ideia era dar energias positivas à barragem. E, o autor do texto citado conclui: Oh Silva, onde é que leste essa das energia positivas à base de limalha de ferro e resina de polyester?! E já experimentas-te essa merda lá em casa?... Mesmo à distância de muitos milhares de quilómetros, é perceptível que estamos perante um grupo de vigaristas. De vilões. Quando não, ainda bem pior do que isso.

A já citada ANGOPE escreve que o alemão detido em Tete, residente na África do Sul, já tinha sido detido por motivos idênticos no Zimbabwe. Há três anos. E, por três dias. Tempo suficiente para ser investigado e liberto. Inocentado. Porque, arrisco, trata-se de um homem bom e bondoso. Segundo ele, referindo-se a Moçambique, Num país livre e democrático não esperávamos problemas. Fizemos expedições assim na Namíbia, Zâmbia, Botswana, África do Sul...”, disse, acrescentando que até a mãe de um estadista sul-africano é partidária do orgonite. As declarações, amplamente divulgadas, do português e do alemão, podem levar a concluir que estamos perante um grupo de filantropos. De homens que dizem prestar ajuda e procurar fazer o bem ao seu semelhante. Fazer o bem sem olhar a quem. Mas, este grupo é um grupo de quatro. E, até ao momento só conhecemos a versão dos acontecimentos contada por dois. Seria, de todo em todo, interessante conhecer a versão dos acontecimentos contadas pelos outros dois africanos. E, saber, também quem está a pagar aos quatro. Quem lhes está a dar cobertura para se movimentarem e actuarem, impunemente, em países diversos, Ou se, por detrás destas tantas digressões, está ou não algum serviço secreto de país terceiro. Por fim, parece importante averiguar o que possa vir a resultar dessas energias positivas. A nível das águas da Barragem. Do clima da região. Da reprodução dos peixes. Do equilíbrio das algas. Da manutenção do equilíbrio das placas teutónicas. Trata-se, naturalmente, de uma investigação que pode demorar alguns anos.