domingo, setembro 20, 2009

valorizar o saber fazer

Nos últimos anos, temos vindo a assistir a uma significativa distorção na forma de definição e atribuição de salários. Quer a nível de aparelho do Estado, quer das empresas públicas. E, muito por hipótese, não só. O que acontece, o que tem vindo a acontecer, o que está a acontecer, é que qualquer graduado do Ensino Superior, tem direito a salário conforme ao seu grau académico. Conforme ao grau académico que lhe foi conferido por uma qualquer universidade. Independentemente de este ter, ou não ter, qualquer relação ou qualquer afinidade com a actividade profissional que exerça. Independentemente de o grau académico, conseguido com louvável esforço pessoal, poder representar um melhor desempenho profissional. Ou não. De trazer mais rendimento para a entidade empregadora. Ou não. Seja esta Estado ou seja empresa. Sendo de louvar e de incentivar, repita-se, o esforço pessoal em elevar os conhecimentos académicos, tal parece não ser suficiente, tal pode não ser condição única, para justificar salário. Pelo menos e quando ou sempre que essa formação não entrose, não corresponda às necessidades do local de trabalho. Tenhamos em atenção que, por hipótese, muitas das vezes, a escolha de um curso será ditada mais em função das vagas existentes em universidades. Do que pela vocação do aluno ou pelas necessidades da entidade empregadora. Sendo, ao que parece, uma realidade recente, pode ser uma realidade que necessita de ser corrigida. Será. É. Ter um diploma, não pode continuar a ser tudo. Não deve ser critério primeiro nem primário na atribuição do salário. Menos, por hipótese, único.


Na sua edição de 16 do corrente mês, o “Notícias” fazia eco, na primeira página, de uma posição de Narciso Matos, director executivo da FDC, por ocasião da semana do Ensino Técnico-Profissional, e titulava Valorizar o saber fazer ao invés do diploma. A local começa por nos dizer que A sociedade deve valorizar mais as competências dos quadros formados nas instituições do Ensino Técnico-Profissionais, o seu saber fazer, deixando de prestigiar apenas os graduados de nível superior, por simplesmente ostentarem um diploma com aquelas habilitações. Segundo a mesma notícia, Narciso Matos comparou a existência de 75 mil estudantes universitários contra os 48 mil cursantes do Ensino Técnico-Profissional no país a um exército com mais generais que simples soldados. E, disse mais. Disse que nos estágio actual o país precisa mais de cidadãos formados no domínio técnico-profissional, que propriamente de quadros superiores, muitas vezes incapazes de resolver questões práticas com conhecimento próprio. Digamos, por palavras outras e diferentes, que temos de saber passar a valorizar a competência. E a colocar em plano secundário o conhecimento académico, muitas vezes sem qualquer relação com a realidade económica, social e política local. Quando não nacional. Um aspecto parece fundamental e primário. É preciso mudar alguma coisa. Talvez, até, mudar muita coisa. Para valorizar o saber fazer.