domingo, fevereiro 21, 2010

Não constitui ideia original nem peregrina

As notícias sobre o tema são frequentes. Por vezes, alarmantes. E, têm origem nos mais diversos pontos do país. Coincidem, todas elas num aspecto comum. Todas elas se referem ao abate de árvores e da sua transformação em combustível. Em carvão vegetal, muito concretamente. Este abate contínuo e continuado de árvores, cria diversos problemas e problemas de diferentes dimensões. Principalmente ambientais e de erosão. Mas, a questão não deve nem pode ser vista numa perspectiva unilateral. Sequer é tão simples. Aconselha o bom senso que se analise o problema de diversos ângulos e em diferentes perspectivas. Parece claro que em nada e a ninguém aproveitaria proteger o ambiente pelo simples objectivo de protecção do ambiente. Proteger o ambiente só faz sentido em função de uma realidade concreta. De uma população. Caso contrário, poderemos caminhar para posições radicais. Fundamentalistas. E de não de estar a proteger a quem se diz pretender proteger.

Com o título “Carvão vegetal escasseia em Nacala”, o matutino “Notícias” (edição de 16 do corrente), acrescenta que a “Carência é de tal modo crítica e jamais vista, o que periga as reservas florestais dos distritos vizinhos”. Situação, aliás semelhante há de muitos outros pontos do país. Pode ler-se, mais adiante, na citada local, que a referida cidade (...) está a enfrentar uma escassez sem de carvão vegetal para fins domésticos, situação que coloca em perigo a existência das reservas florestais nos distritos circunvizinhos com implicações bastante negativas para o meio ambiente. Nada vem dito sobre o mais que provável aumento do custo do produto. Mas, isso sim, está escrito (...) que a escassez de carvão naquela cidade portuária serviu de incentivo para que os produtores daquele combustível, baseados em Nacala-a-Velha, Memba e Monapo, entrassem no negócio com uma postura mais agressiva, pois as oportunidades que o mercado oferece actualmente são vastas do ponto de vista do preço. A realidade parece mostrar que, aqui, como em quase todo o país a vasta maioria das famílias depende do carvão vegetal para cozinhar as suas refeições. Sequer a cidade de Maputo poderá ser apontada como excepção. Aspecto há não menos importante, que não pode ser perdido de vista. Trata-se do aspecto de a produção e revenda de combustível lenhoso ter um peso importante na renda de muitos milhares de famílias. O combate à erosão e a protecção das florestas não pode ter um sentido único. Carece de alternativas. Uma das quais poderá ser a introdução de carvão vegetal no mercado. O que, de resto, não constitui ideia original nem peregrina.