domingo, agosto 15, 2010

Uma questão de força e de tempo

Volto à questão do contentor, colocado no passeio da Avenida 24 de Julho. Aqui abordada em edição anterior. Para dizer, para adiantar que imperou o bom senso. Ainda bem. É que o dito cujo já foi retirado. Terá sido removido para outro local. Provavelmente, menos condigno. Afinal, ao que parece não era negócio de um qualquer privado, Mas, sim, de uma entidade pública. De um ministério. Com a finalidade de promover e vender produtos nacionais. Iniciativa a todos os títulos louvável. Muito embora o local escolhido nem tanto. Não se tratava, por conseguinte, de um contentor qualquer. Semelhante ou igual a tantos outros colocados por tudo o que seja esquina ou passeio. Espaço livre. Digamos, tratava-se de um contentor VIP. Tanto assim, que depois de transferido para novo pouso, mereceu honras de inauguração pomposa. Com a presença de membro do Governo. A nível ministerial. Com a abertura de garrafas de champanhe. Que ainda não é produto nacional. E, por fim, com direito a notícia que ocupou largo e exagerado tempo no principal noticiário da televisão pública nacional. Aonde estamos, onde chegámos, parece claro. A questão, a dúvida que se coloca é de saber para onde vamos e onde queremos chegar.



Semana a semana, a quase novela INAV ganha novos contornos. E, cada episódio revela-nos surpresas. Interessantes. Que tanto podem dar para rir como para chorar. Agora, já se diz estar Em vista novo regulamento relativo à inspecção de viaturas (“Notícias”de 12 do corrente). Quer isto dizer, de forma simplificada, que o actual não serve. Já não serve. Por ter ficado ultrapassado. Mesmo antes de as inspecções terem sido levadas à prática a nível nacional. Ou por ser, por se tratar de uma aberração. Ou do produto de mentalidades arrogantes. Que vivem uma realidade que não a nacional e recusam conselhos avisados. No sentido de pararem para pensar. E pensar como pensam os homens. Afinal, únicos seres pensantes. Voltando à local, é surpreendente ficar a saber-se que o regulamento ora em perspectiva deverá reflectir um certo relaxamento no tratamento do tipo de deficiências. Quem assim o afirma, não é gago. Nem se socorre de meias palavras. É responsável numa instituição nacional. Ao mais alto nível. Mas que, sem qualquer margem para dúvida, há muito atingiu o Princípio de Peter. Digamos, a terminar, que nesta “Terra Sonâmbula” se mostra bem mais fácil remover um pesado contentor do que frágil e leve incompetente. A prova, a prova real está à vista. São esses barcos parados. Por falta de dinheiro para pagar as passagens por parte dos utilizadores a quem se destinavam. A quem supostamente se destinavam. Os incompetentes são como lapas. Estão ligados às rochas, estão presos às rochas. Por vezes, na maioria das vezes, é preciso utilizar força e tempo para retirar uma lapa da rocha. Trata-se, afinal, de uma questão de força e de tempo.