domingo, julho 08, 2012

Mudar enquanto há tempo para mudar

Pode parecer teimosia. Pode parecer falta de assunto, de tema novo. Pode parecer esquecimento de tema já aqui abordado repetidas vezes. Mas não é. Não é dada disso. Não é nada do que possa parecer suposto ser. Trata-se de atitude consciente, premeditada. De mais uma tentativa de alerta. De alertar consciências. Pouco ou nada conscientes. De responsáveis a quem se exige mais. Mais competências e mais dignidade profissional. Também moral e ética. Perante esta calamidade nacional, que dá pelo nome de acidentes de viação. E que é causa de morte de dezenas de pessoas por semana. Em diferentes pontos do país. Digamos que em relação às outras calamidades, às calamidades naturais, já conseguimos criar sistemas de prevenção. E montar sistemas de apoio. Fazendo deslocar e colocando meios onde possam vir a ser, eventualmente, necessários. Para evitar a perda de vidas humanas. Aqui, aqui neste campo dos acidentes de viação, nada. Não se faz, objectivamente, nada. Poderá ser uma caso de falta de sensibilidade perante a perda, evitável, de vidas humanas. Poderá ser um caso de incompetência. Poderá ser o que se queira que seja. Mas, uma coisa parece certa e indesmentível. Dizem-me visitantes frequentes e assíduos da África do Sul, que o condutor moçambicano mal atravessa a fronteira assume uma postura diferente. Não faz do lado de lá as tropelias nem pratica as violações à lei como acontece do lado de cá da fronteira. Trata-se de um caso interessante. Paradigmático. E que deveria merecer estudo profundo. Para se ficar a conhecer, em definitivo, a sua origem. E, se esta está, de facto, no condutor ou nos agentes policiais. Fundamentalmente no comportamento dos agentes policiais perante uma violação da lei. É aconselhável e parece valer a pena trocar experiências com a polícia do país vizinho nesta matéria. E, depois, tornarem públicos os resultados a que possam chegar. Para que possamos começar a perceber onde começa e onde acaba a diferença. Sobre a questão dos acidentes de viação nas nossas estradas, o jornal “Notícias”, na sua edição da passada quinta-feira (página 5) titula: Quarenta e um mortos em apenas uma semana. E, logo a seguir escreve: Quarenta e uma pessoas morreram e outras106 contraíram ferimentos, 41 das quais em estado grave, em consequência de 53 acidentes de viação ocorridos a semana passada em todo o território nacional. Interessante, é o termos ficado a saber que Para além dos óbitos e feridos, os sinistros resultaram ainda em avultados danos materiais nas viaturas envolvidas e em diferentes infra-estruturas públicas, onde foram embater violentamente. Quais são essas infra-estruturas públicas e quais os prejuízos causados, sabemos nada. Talvez possa tratar-se de segredo de Estado. De matéria em investigação ou, ainda, em segredo de justiça. De resto e como habitualmente, o que ficámos a saber foi a versão oficial sobre tão elevado número de mortos. Num tão curto espaço de tempo: o excesso de velocidade, a condução em estado de embriagues, a disputa de faixas de rodagem e a má travessia de peões são as prováveis causas dos desastres. Prováveis aqui, significa que são meras hipóteses. Que tanto podem ter sido estas como podem ter sido outras as causas das mortes. Que não importa ou não se quer dizer. Por mera preguiça mental ou por investigação deficiente. Apetece perguntar quem são os proprietários e qual o estado mecânico das viaturas que provocaram tantos e tão fatídicos acidentes rodoviários. Bem sei, quase sei, a resposta será a mesma de sempre. Que vem desde há mais de trinta anos. Uma resposta que vai para a idade da velhice. Sempre a mesma e sempre igual. É tempo de mudar. É preciso saber mudar enquanto há tempo para mudar