domingo, julho 29, 2012

Vale mais prevenir do que remediar

Foi há dias anunciada a criação de um “Fundo direccionado para reduzir mortes”, devido à contínua sinistralidade nas estradas nacionais (Notícias de 2 do corrente, primeira página). À partida, trata-se de uma iniciativa de louvar. Louvável. Sem dúvida, tudo quanto seja evitar mortes nas estradas são iniciativas de enaltecer, de elogiar. Mas como se percebe pelo enunciado, pelo título da notícia, trata-se de actuar depois do acidente ocorrer. No apoio às vítimas, aos acidentados, como iremos ver. A questão que se pode e deve colocar desde já, é se não é possível fazer mais e melhor do que está a ser feito no campo da prevenção. Para prevenir, para evitar o acidente. Muito provavelmente sim. Mas, segundo a local, não será esse o objectivo do Fundo. Vejamos. As autoridades moçambicanas estão a considerar a possibilidade da criação de um fundo para a segurança rodoviária que, a par da implementação sistema integrado de emergência médica, poderá responder a situações de acidentes rodoviários, como uma das saídas para reduzir os altos índices de mortalidade, traduzidos em milhares de vítimas todos os anos. Ao que se pode ler, trata-se de um (...) modelo de sistema de atendimento de emergência (...) (...) que deverá ser operacionalizado em conjunto com um fundo para a segurança rodoviária na assistência aos sinistrados e suas famílias. Se o que foi escrito e transcrito é claro e a interpretação correcta, pretende-se atacar os efeitos, os resultados, as consequências e não as causas dos acidentes de viação. Se é que o aforismo popular está certo – e nada nem ninguém afirma que não esteja – vale mais prevenir do que remediar. Ora, a criação de um Fundo – mais um – implica a disponibilidade de dinheiro. De mais dinheiro. E, pelo que conhecemos da nossa realidade nativa, da atribuição de privilégios e de mordomias a mais uns tantos gestores. Ou, como se dizia, uns tantos quadros. Mesmo quando estes possam ser, comprovadamente, quadrados. Mas saibam e se prestem a dizer, repetidamente, ámen. Ao certo, sabemos que precisamos muito de dinheiro. Mas também precisamos e muito mais de trabalho. De empenho e de dedicação na gestão da coisa pública. Acidentes de viação, pelas mais diferentes causas, acontecem em todos os países do mundo. Com o inevitável custo em mortes, feridos e danos materiais. Em custos sociais e pessoais. O certo, o visível é que uns investem mais na prevenção. Outros, preferem actuar como bombeiros. Como nós. E os nossos bombeiros, os nossos chamados “Soldados da paz”, são comprovadamente pacíficos. E pacifistas. Cordeiros obedientes à primeira voz, ao primeiro sinal do Senhor. Mesmo sem meios, mesmo com escassos meios, aí estão, todos os dias, com um auto tanque a regar os terrenos ajardinados nas proximidades da Praça Robert Mugabe. Dá gosto passar por ali por volta das 6 horas da manhã. Para apreciar o seu trabalho. E poder colocar a dúvida se é função e atribuição dos bombeiros regar jardins. Se não estamos perante um desvio de funções. Se não se trata de uma usurpação de funções e de obrigações do Conselho Municipal. Para terminar, voltamos à questão das mortes nas estradas. No dia 20 do passado mês de Julho, a RTP África dava conta sobre a forma como ia ser executada uma operação de controlo de velocidade. Pela brigada de trânsito daquele país. Em tempo de início de férias. No essencial e no que retive, os automobilistas estavam a ser alertados para a proximidade de zonas com controlo de velocidade. Á distância. Prática muito diferente do que se faz por aqui. Onde o normal parece ser emboscar, armadilhar, punir o automobilista. Com ou sem razão. Mas sem objectivos claros. Dizer que é preciso saber aprender com quem sabe mais e faz melhor. E repetir que vale mais prevenir do que remediar.