domingo, agosto 12, 2012

Tentar tapar o Sol com uma peneira

Os Transportes Públicos de Maputo vivem mais um período de crise. Aliás, a crise nos ex-TPM parece ser permanente. Continuada e contínua. Trata-se, como se percebe, de uma crise que afecta e prejudica, sobretudo, os potenciais utilizadores dos seus serviços. Trabalhadores, estudantes e todo esse mar de pessoas que, pelos mais diversos motivos precisa de se fazer deslocar. Diariamente e entre um e outro ponto da cidade. Entre o centro e a periferia da capital do país. Por não ter transporte próprio. A situação actual permite, até, colocar a questão de saber se os ex-TPM são a solução ou a origem da causa dos maus serviços prestados aos cidadãos. Uma coisa parece certa. E é. Logo que a oferta de transporte público diminui, aí temos os chamados “chapas” de caixa aberta a fazerem o seu negócio. São, no mínimo às dezenas. Logo, a questão não será de falta de viaturas. Elas existem e estão disponíveis. Será, antes de organização. Ou de desorganização. Ou de desorganização organizada. Diga-se, até, se isso tiver utilidade ou servir de atenuante, que a culpa da actual crise nem é dos ex-TPM. Segundo o jornal “Notícias” da passada quarta-feira (página 3), “Atrasos no abastecimento paralisa autocarros a gás”. Segundo a local, Autocarros a gás da Empresa Municipal de Transportes Públicos de Maputo (EMTPM) têm ficado paralisados, não cumprindo as suas carreiras normais, devido ao atraso no fornecimento daquele combustível ao posto de abastecimento da companhia. Segundo a local, Trata-se de um problema que existe desde que a empresa recebeu a frota de 150 autocarros que operam a gás, mas que nos últimos tempos se faz sentir com alguma intensidade (...). Mais diz a notícia que o atraso no fornecimento de gás ao posto de abastecimento faz com que entre 25 a 40 autocarros não saiam diariamente à rua, complicando a situação de milhares de pessoas que dependem das carreiras das pessoas para circularem. Se lermos mais adiante, ficamos também a saber que Só na segunda-feira, 25 autocarros ficaram paralisados e isso representou um prejuízo na ordem de mais de 330 mil meticais para os cofres da empresa que também teve de ver cerca de 150 trabalhadores ficarem sem produzir (...). Bonito! Belo exemplo de má gestão da coisa pública. E, neste aspecto a questão parece bem simples. Exemplarmente simples. Primeiro, havia dificuldades na prestação do transporte público por falta de viaturas. Depois, temos as viaturas mas não temos combustível para as fazer circular. Por isso ficam paradas. Logo, a culpa não é nossa, não é minha. É de quem não me fornece o combustível. O que não passa de um desculpa airosa. Bonita. Tipo desenrasca. Como quem diz, queiras ou não, a bola agora está do teu lado. Sempre foi motivo para dúvida e para interrogação o que terá levado à importação de autocarros movidos a gás. Até hoje, é questão que permanece no segredo dos deuses. Que tenha sido boa ideia, não foi. Basta querer ver que os autocarros estão aí mas que não podem circular. Que estão parados. Por falta de gás. O combustível que para alguns parece ser milagreiro. Ou milagroso. São, também, pouco claras as normas e os procedimentos seguidas para a importação deste tipo de viaturas. Menos ou nada se sabe que estudos foram feitos sobre a matéria. Se é que foram feitos alguns. E se foi ou não lançado algum concurso público para a respectiva aquisição. Isto, sem pretender questionar sobre a utilidade ou não dos concursos públicos. Como sabemos, valem o que valem. Em muitos casos, parece valerem nada. Ou, apenas, não passarem de uma ilusão. Que é como quem diz, de tentar tapar o Sol com uma peneira.