domingo, agosto 19, 2012

Vamos lá todos pensar

Os números são impressionantes. Preocupantes. Alarmantes. Mas parece continuar a embater na insensibilidade. Na falta de culto pela protecção e defesa da vida. De vidas humanas. Parece que estamos, parece estarmos perante uma situação em que a vida humana tem pouco ou nenhum valor. Vale nada. Deixou de ter valor. Talvez e ainda como sequela da guerra. Estamos a falar, como se percebe, do crescente número de pessoas, de seres humanos que continuam a perder a vida em acidentes de viação. Nas estradas do país. Mas que, como vemos e ouvimos, é como se nada de mau estivesse a acontecer. Ou seja, tudo parece estar “numa boa”. Ainda esta semana, num único acidente de viação, registaram-se mais 12 mortos. O jornal “Notícias”, edição da passada quinta-feira, em notícia a toda a largura da primeira página, escreve: Doze mortos e 17 feridos, dos quais três em graves, é o resultado de um aparatosos acidente de viação, que se registou pouco depois da 10.00 horas da manhã de ontem, na Estrada Nacional Número 1, região de Incadine, posto administrativo de Chidenguele, em Gaza. Acrescenta a local que O desastre violento do tipo choque frontal envolveu um autocarro de transportes semicolectivos de passageiros (vulgo chapa) que seguia em direcção a Inhambane e uma viatura ligeira que circulava em sentido contrário. O jornal elucida, citando a PRM, (...) que na origem do sinistro esteve o excesso de velocidade, seguido de uma ultrapassagem irregular, que terá sido provocado pelo condutor da viatura (...) circulando na altura no sentido Inhambane/Maputo. Hoje, como as coisas, como os acidentes acontecem, até parece irrelevante saber quais as causas. São informações que podem ter valor em termos de estatística, mas pouco mais. Mas, que, sem dúvida podem ser importantes no dia em que se pensar sobre a necessidade de elaborar e levar à prática um plano de acção. Para prevenir e evitar mortes nas estradas nacionais. Até lá, o normal poderá não ser mais do que morrer nas estradas. Continuar a morrer nas estradas. Gostemos ou não, é tempo, mais do que tempo para arregaçar as mangas e trabalhar. Olhar para o trabalho que é necessário realizar. Pode perguntar-se sobre o que fazer. Talvez tudo. No mínimo mais do que se está a fazer. Que, na prática parece nada. Dizer, que um problema de tamanha dimensão e com tão graves reflexos na sociedade, em termos económicos e sociais, não se resolve com discursos. Nem com slogans e nem com frases feitas. Até aqui, o que vimos e ouvimos não passa de pura demagogia. Precisamos de mais acção, mais trabalho e menos palavras. E, de trabalho sério, honesto, competente. Planificado segundo os objectivos a atingir. Ou para atingir determinados objectivos. No terreno. A protecção da vida humana merece mais esforço. A protecção da vida humana merece todos os esforços. Quando não, poderemos ser acusados de conivência com o banho de sangue que se regista nas nossas estradas. Que pense quem é pago para pensar. Que trabalhe quem é pago para trabalhar. Para executar o que outros pensam e planificam. Parece não ser difícil entender que deve e que tem de ser assim. Difícil pode ser não querer entender que deve e tem de ser assim. De resto, pensar é, em si, uma atitude de combate à preguiça mental. Se assim, vamos lá todos pensar.