domingo, dezembro 09, 2012

Polícias que dormem na formatura

Com o título “Começar a olhar para dentro”, há duas semanas abordei, neste espaço, a questão de armas de fogo em poder de marginais. De malfeitores. E questionei sobre a sua origem. Sobre a sua proveniência. Sobre quem as empresta, vende ou aluga. A resposta, ou parte dela surgiu há pouco. E não deixa de ser preocupante. Na sua edição da passada terça-feira, o jornal “Notícias” (página 3), referindo-se à situação na Cidade de Maputo titulava haver “Muitas armas em mãos alheias”. E escrevia que Aumenta a proliferação de armas de fogo nas mãos de bandidos e inimigos do alheio na cidade de Maputo. A informação foi avançada ontem (segunda-feira) pelo porta-voz da Polícia no comando da cidade, Orlando Mudumane, em resposta a uma pergunta do “Notícias” sobre o aumento do número de casos de assaltos à mão armada. Acrescenta o matutino de Maputo que Tal como afirmou, o fenómeno está longe do controlo da corporação, pelo facto de se tratar não só de armas da Polícia, mas também de instituições militares, empresas de segurança privada e adquiridas ma vizinha África do Sul. Logo a seguir escreve que “Há muitas armas em mãos alheias e infelizmente algumas delas pertencem a forças militares ou mesmo à Polícia. Recentemente tivemos um caso de quadros das Forças Armadas (FADM) envolvidos na comercialização de armas, facto que está longe do controlo da Polícia” explicou Mudumane. Dizer, repetir, que a existência de armas de fogo nas mãos de marginais preocupa o cidadão comum. O cidadão que confia e tem na Polícia a sua protecção e a protecção dos seus bens pessoais. Afinal, quando fica a saber que o fenómeno está longe do controlo da corporação só aumenta a sua intranquilidade. A sua insegurança. E, naturalmente, com todo o direito, com toda a legitimidade, interroga como foi possível chegar a esta situação. Grave, mais grave, é o facto de a Polícia vir dizer publicamente que conhece a origem, a proveniência, das armas. Ou as diferentes origens. Mas nada nos dizer sobre os seus planos ou o que está a fazer para alterar, para corrigir a situação. Aparentemente, nada. Concluímos nós. Caiu no conformismo. Ironizando sobre uma situação, sem dúvida grave, optou pelo “Deixa andar”. Parece útil, nesta questão das armas na posse ilegal de cidadãos civis, que o Chefe do Estado esteja atento. Como já demonstrou estar em relação a outras questões na área sob a alçada do Ministério do Interior. Caso concreto dos acidentes de viação. Da sinistralidade nas estradas. Talvez seja útil realizar uma presidência aberta ao referido ministério. Do género das ofensivas realizadas na cidade de Maputo por Samora Machel. Em tempos há muito idos. Quase de certeza, não virá a dar o seu preciso tempo como perdido. Poderá verificar que neste nosso país há armas a mais. Muitas em mãos nada confiadas. E poderá, também, encontrar muitos polícias que dormem na formatura.