domingo, agosto 03, 2008

os erros políticos podem ter custos eleitorais

Os números são impressionantes. Para não dizer preocupante. E foram revelados ao Presidente da República. Durante a sua recente visita a Tete. Só nos primeiros meses de 2008, terão sido detectados cerca de 1.500 migrantes ilegais. Na província. Provenientes de onze países de África e da Ásia. Extrapolando os dados, mas sem especular. Muitas mais centenas de ilegais devem ter entrado no país por outras fronteiras. De outras províncias. Muitas outras centenas de ilegais podem estar a viver em Moçambique. Convindo que os motivos para essa vinda, para esse atravessar clandestino das nossas fronteiras, não foram motivos de ordem política, impõe-se uma reflexão. Séria a profunda. Realista. Não política. Por forma a saber e a saber-se se estes ilegais constituem ou não elemento destabilizador da sociedade moçambicana. A nível social. Mas, também, económico. Sabemos, por ser público, que muitos dos ilegais se entregam à exploração de ouro, de pedras preciosas, de diamantes, de madeira. E ao seu contrabando. Não punir, não sancionar quem nos rouba, quando se conhece o ladrão, é perigoso. É abdicar do Poder. É abdicar do Poder do Estado. E, em alguns momentos, o Estado parece estar a abdicar do seu Poder. Parece manifestar o receio de ser e de ter de ser Estado. Ora, o poder do Estado emana, sempre e em última análise, do Soberano. Quem manda no Governo, quem coloca e mantém o Governo é o Soberano.


Na cidade de Maputo, cidade capital do país, capital da República, a violência criminosa parece ter adquirido novos contornos. Parece ter atingido novos patamares. Mais elevados e mais sofisticados patamares. Perante a passividade policial. Perante uma preocupante passividade policial. Perante a inércia policial. Ao que se sabe, ao que é público, estamos, hoje, perante crimes selectivos. Estaremos perante raptos para extorquir dinheiro. Estamos perante raptos de pessoas supostas de ter poder económico ou político. Estamos perante aquilo a que, em qualquer parte do mundo, se chama de terrorismo urbano. E estamos, também, na realidade, perante polícias que para combater esta nova forma de crime têm ideias poucas. Mais exactamente, ideias nenhumas. E que sequer nos dizem, que sequer nos aconselham, por não saberem ou por não quererem dizer, que cuidados devemos tomar. Quando andamos a pé. Quando estamos a conduzir uma viatura. Que cuidados devemos tomar para não sermos alvos dos bandos criminosos. A quem devemos telefonar. A quem devemos pedir ajuda. E, como. O crime organizado tem, hoje, ao seu dispor todos os novos meios de comunicação. As polícias poderão ter nem tanto. Mas, ao que parece, fizeram opções erradas. Traçaram objectivos errados. Estão muito preocupadas com o combate ao vendedor de esquina, ao vendedor do informal, e negligenciaram o apetrechamento para o combate ao crime organizado. O que pode ter sido um erro político. E os erros políticos podem ter custos eleitorais.