domingo, abril 12, 2009

uma outra forma de ajudar

Diz a notícia que uma pesquisa do Ministério da Mulher e da Acção Social confirma que está a aumentar o número de crianças que abandonam o convívio familiar para viver na rua. E, a TVM, no seu principal noticiário do passado dia 7, acrescentava: Os menores não perdem tempo. Aproveitam o momento. Dirigem-se aos ocupantes (das viaturas) para pedir algumas moedas. A agressividade é de tal ordem que não raras vezes eles determinam quanto querem de esmola. A esquina da Avenida 25 de Setembro e a Rua Belmiro Obadias Muianga é um dos lugares mais disputados pelas crianças. Mas, para além do cruzamento citado pela TVM, em muitos outros parece aumentar o número de mendigos. E não só de crianças. Há, também, idosos e idosas. Há deficientes físicos e invisuais.


Independentemente dos dados tornados públicos, parece haver questões que importa levantar. Para se conhecer a verdadeira dimensão da realidade. Em alguns casos, há crianças que só se que se entregam à mendicidade aos sábados, domingos e feriados. Como acontece nos cruzamentos da Avenida Mao Tse Tung com a Kim Il Sung e a Julius Nyerere. Por vezes, em número que atinge uma dezena. Pergunte-se o que fazem estas crianças durante a semana. Muito provavelmente vivem com familiares e estudam. Pode acontecer que sejam mandadas pedir por familiares. Como forma para tentar minorar carências domésticas. Como podem estar a ser instrumentadas. Poderá haver quem esteja a aproveitar a pobreza. A fazer a exploração da pobreza. A fazer aumentar números e viciar estatísticas. Para influenciar a indústria da ajuda. Pode acontecer que assim não seja. Mas, também pode acontecer que assim seja. Sabemos, por declarações de responsáveis do referido Ministério, que há preocupação em relação ao fenómeno. E trabalho no sentido procurar estratégias que permitam alterar a situação. De resto, parece claro e pacífico que dar esmola não resolve problema nenhum. Muito pelo contrário. Pode, até, estar a contribuir para o aumento do número de mendigos nos cruzamentos. Daí, a necessidade de sensibilizar, também, quem dá. De se estudar uma outra forma de dar. De estudar uma outra forma de ajudar.