domingo, fevereiro 26, 2012

Viver com mais dúvidas que certezas

Afinal, a questão não está encerrada. Parece haver ainda muita história por contar. Por detrás da actividade desses e dessas jovens que eram colocados em diferentes artérias da capital do país. Exigindo documentação das viaturas e dos condutores. Quando não tentando extorquir dinheiro aos automobilistas. Sob o título “ACOVEMO impedida de fiscalizar veículos”, O jornal “Notícias” (edição de 17 do corrente, página 3), escrevia: “A Associação Condutores de Veículos Motorizados (ACOVEMO) acaba de ser suspensa de qualquer actividade de sensibilização dos cidadãos em matéria de prevenção e segurança rodoviária”. Depois, esclarece sobre os motivos da decisão conjunta do INATTER, PRM e Conselho Municipal, à luz de um comunicado emitido anteriormente pelas três instituições. Dando voz ao presidente da referida associação, escreve que “A ACOVEMO já reagiu à medida, considerando-a de manobra dilatória para não honrar com os compromissos assumidos com a agremiação.”. Acrescenta o matutino que “Segundo o presidente da ACOVEMO, Eduardo Cebola, esta decisão deixa os membros da associação indignados e acredita que a medida foi tomada no contexto das querelas entre a ACOVEMO e aquelas instituições.”. A mesma local começa por levantar o véu do mistério sobre os motivos destes jovens tentarem extorquir dinheiro aos automobilistas. Sobre a “maca” que opõe uns aos outros. E diz: “De acordo com Cebola, neste momento, por exemplo, a organização que dirige está de costas voltadas com o Comité Organizador dos Jogos Africanos (COJA) e o Conselho Municipal da Cidade de Maputo, através da Direcção Municipal de Transportes e Trânsito, que (sic) os acusa de não querer pagar pelos serviços prestados durante a realização dos X Jogos Africanos”.” Mais ficámos a saber, que “ (...) no âmbito da implementação dos sinais de sentido único, em Setembro do ano passado, na cidade de Maputo, o Conselho Municipal solicitou a colaboração destes activistas, que apoiaram durante 28 dias na orientação dos automobilistas para se adaptarem aos novos sinais de trânsito.”. Aqui está, para mim, uma grande novidade. É que nunca vi, em artéria alguma desta cidade, que também é capital do país, um único desses activistas. Talvez, até, a culpa possa ser minha. Por ter o hábito de sair de casa muito cedo. E à hora que saio ter encontrado apenas Polícias de Trânsito. A esses vi. Durante muitos e sucessivos dias. Nas mais diversas artérias. Aos outros, aos chamados activistas, vi nenhum. Muito provavelmente por ser demasiado cedo para começarem a “trabalhar”. É, a todos os títulos, estranha a argumentação desta chamada ACOVEMO. E a sua tentativa de desviar as atenções para o problema real. E, o problema real é o de os seus chamados activistas terem andado a tentar extorquir dinheiro a dezenas, senão centenas, de automobilistas. Ao que parece, como forma de retaliar e de recuperar dinheiros não pagos por serviços prestados a diferentes instituições. Se o COJA e o CMCM devem dinheiro à ACOVEMO, sentem-se à mesma mesa, discutam, joguem ao murro. Façam como melhor e muito bem entenderem. Até aqui, como esta questão está a vir a público, não passa de uma questão de cueca. Que deve ser resolvida em local mais apropriado. Como se pode concluir. De resto, como foi constituída, para que serve, a quem serve, que objectivo persegue, qual o seu estatuto legal, como obtém e como distribui os seus proveitos e os seus lucros, se paga ou não impostos ao Estado, são apenas algumas das muitas dúvidas que ficam por esclarecer. E que seria, de todo em todo, útil que aqueles que se consideram vítimas de “manobra dilatória” viessem esclarecer, publicamente. Como eleitores, temos todo o direito de o saber. Isto como muito mais. Até mesmo de perguntar qual o motivo legal que impede o banimento da própria ACOVEMO. Até lá, continuaremos a viver com mais dúvidas que certezas.